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Depois de lançar um cover de “Dial Tones”, do As It Is, e automaticamente ganhar muitos views e fãs, o quarteto britânico Wolf Culture decidiu que era hora de dar o primeiro passo como uma banda autoral. Foram alguns meses trabalhando em quatro músicas inéditas, ganhando experiência na estrada e se dedicando ao EP “Devil’s Plans For Idle Hands”, que foi lançado hoje, via Common Ground Records.
O Not Dead! traz o EP com exclusividade para você, junto a um papo com o vocalista Max Dervan e o baterista Jake Daniels, os principais responsáveis pelas músicas que fazem parte do trabalho.
Os caras contaram um pouco mais sobre o processo criativo do projeto, desde a identidade visual ao conteúdo das letras, e sua história até agora como banda. O papo ficou bem interessante e você confere abaixo. O EP na íntegra, você encontra no final.
Not Dead: Oi meninos! Obrigada por falarem com a gente. Como estão? Animados para o lançamento?
Max: Olá! Estamos muitos animados! Já faz um tempo que terminamos as gravações e agora estamos muito ansiosos em compartilhar as músicas com outras pessoas.
Not Dead: Muitos artistas dizem que as primeiras músicas que eles lançam funcionam como um retrato de toda a vida. Vocês acham que isso aconteceu com o primeiro EP de vocês? Ou as músicas capturam um momento específico?
Max: Algumas músicas foram escritas há mais ou menos quatro anos. Agora o EP está vindo e acabou sendo uma espécie de “confirmação” do que gente passou naquela época. Ele lembra de como nos sentíamos naquela fase, mas também mostra nossas mudanças e soa muito novo.
Not Dead: Como é para vocês trabalharem nessas músicas que foram escritas há tanto tempo e lançarem agora para todo mundo ouvir?
Max: Tem sempre algo novo para ser notado. É como se essas faixas fossem novidade mais uma vez. É um sentimento incrível e agora queremos ver como será a reação das pessoas. “Wreck” foi o primeiro single, ganhou vídeo e tudo mais, e foi com ela que percebemos que era tudo realidade. Vimos que era como uma canção de verdade tirada de um álbum.
Not Dead: Vocês chegaram a compor mais músicas ou trabalharam direto nessas quatro faixas?
Jake: Na verdade, focamos mais nessas quatro faixas. Max: Mas estamos escrevendo constantemente. Essas quatro músicas são as que a gente colocou mais esforço. Não queríamos lançar nada se não estivéssemos 100% satisfeitos com o resultado. E nós quatro concordamos que essas canções eram as mais poderosas que existiam.
Not Dead: O que esperam que as pessoas absorvam dessas músicas?
Max: É algo muito pessoal, mas nós colocamos muito de nós mesmos nesse EP. Jake: Especialmente para você, por ter escrito as letras. Max: Sim! Então as pessoas podem amar ou odiar, tudo bem, faz parte. Tem muita coisa que eu não gosto, mas acho que elas vão curtir. Jake: Pelo fato de serem muito pessoais, é muito fácil de se identificar com elas. Acho que as pessoas vão gostar.
Not Dead: Neste EP, notamos uma boa mistura de melodias, o que faz com que ele não soe como um EP comum de pop-punk. O que influenciou vocês para chegarem neste ponto?
Max: Todos nós gostamos de músicas bem diferentes umas das outras. Mas quando escrevemos parece que tudo isso se una e faz com que não soe exatamente como um trabalho típico de pop-punk. Até porque a gente não queria escrever algo nesses moldes, queríamos fazer algo que fosse novidade. Espero que tenha sido um ponto que a gente tenha alcançado. Jake, quais são suas bandas favoritas? Jake: Gosto de coisas diferentes. Num lado mais pop, gosto de Waterparks. O Max escuta e traz para a banda algo mais alternativo. Max: Sim, nada que seja pesado mas, também sem ser algo como o pop-punk catchy. Um som com uma melodia diferente por exemplo. Até fizemos uma playlist no Spotify com nossas influências e ela só mostra o quanto nosso gosto é diversificado.
Not Dead: E falando em melodias, quais são as suas músicas favoritas do EP, nesse quesito?
Max: Eu diria que “Wreck” se destaca mais por ser a mais catchy, mas não necessariamente é minha música favorita. A gente sabia que essa seria uma música que a gente teria que divulgar antes. Jake: Gruda na cabeça, tem um refrão forte mas não é genérica. Max: Uma música que a gente ainda não lançou, “Killing The High Horse”, é uma das minhas favoritas nesse sentido. Ela tem uma vibe um pouco mais dark e, definitivamente, é a mais divertida de ouvir e, também, de tocar.
Not Dead: Vocês acabaram de falar de “Wreck”, o primeiro single, e nos lembraram que estávamos comentando sobre a arte de capa do EP e o conceito visual que cercou o lançamento. Como isso surgiu?
Max: Foi natural essa ideia de unir o visual à música, o esquema de cores foi o primeiro a ser definido, nós queríamos algo neutro já que o EP se chama “Devil’s Plans for Idle Hands”. O objetivo era fugir um pouco do que se espera da arte de um disco de pop-punk, até porque nós não queremos ficar presos à qualquer estereótipo. Jake: Também queríamos algo bem clean e simples. Algo bem básico.
Not Dead: O quanto vocês pensaram na estética, desde as fotos que postaram na internet, as artes e os clipes?
Jake: É importante pra gente manter essa estética. Tem muita coisa acontecendo no mundo da música hoje em dia, e acho que ter uma identidade visual é algo que nos ajuda. Também significa que a música não é a única coisa que você deve fazer. É um projeto. Claro que a música é o ponto mais importante, mas todo o conceito soma muito ao projeto. Max: Não é mais sobre pessoas ouvindo apenas música, tudo é importante hoje em dia. Temos que fazer músicas legais, bem gravadas, que causem um impacto, mas temos que mostrar também o que temos e o quem somos.
Not Dead: Falando das músicas, como funcionou o processo criativo? Quem traz as ideias?
Max: As letras são feitas junto de um violão. Eu trago as ideias básicas para o Jake, ele adiciona a bateria e toda a estrutura da canção e, então, a banda aparece e completa o que falta. “Wreck”, por exemplo, soava muito diferente do que é hoje. Mas, no mesmo momento em que compomos, soubemos o que cada um deveria trazer para aquela faixa. Foi também a última música a ser feita para o EP, a mais nova. Jake: Amamos cada música do EP. As quatro faixas eram demos antes da gravação do EP e eram diferentes do que são hoje.
Not Dead: Já tocaram essas músicas ao vivo?
Max: Já, mas passamos um bom tempo gravando essas músicas. Então, quando elas foram tocadas ainda eram na versão demo. Agora, queremos tocar o melhor que temos para as pessoas.
Not Dead: E como foi a resposta do público?
Max: Está sendo ótima. Bem melhor do que esperávamos. É bem louco. Quando tocamos, estamos falando com pessoas que nunca vimos antes e eles estão para nos ver. Jake: É insano… Max: Sim! E foi assim que a gente começou a se levar mais a sério.
Not Dead: Vocês se sentem confortáveis tocando músicas tão pessoais para pessoas que nunca viram antes?
Max: Sim, porque elas significam muito pra mim. E quando subo no palco, é algo também muito pessoal.Tipo, se você veio só para nos ver tocar, é porque você entrou na atmosfera da música e, então, de alguma forma, se relacionou. As letras capturaram um momento da minha vida. Jake: Quando você toca a música também consegue se sentir exatamente da mesma maneira que estava quando criou.
Not Dead: Falando nisso, “Continents” é uma música bem pessoal. Vocês já chegaram a mostrar essa música para a pessoa que inspirou a letra?
Max: Sim. A maioria das pessoas que me conhecem pessoalmente sabem sobre o quê minhas letras falam. Sou grato a todas as pessoas que me inspiraram de alguma forma, porque sempre canto sobre determinada situação. Queria até agradecer o Jake! Jake: Essa música não é sobre mim! (risos) Max: Não, não é sobre você! Sou muito grato a essa pessoa. Existem muitos assuntos no EP, uns são mais fáceis, outros são mais difíceis, mas sou grato a todas essas pessoas que deixaram uma marca na minha vida.
Not Dead: Vocês chegaram a entrar em turnê com bandas como WSTR, Like Pacific, Trophy Eyes, Hawthorne Heights e Milestones. O que puderam absorver dessas bandas na prática?
Max: Foi incrível tocar com bandas assim. Ao observar, notamos que é muito importante mostrar energia no palco, a todo momento. Quando tocamos com o Trophy Eyes e o Like Pacific, por exemplo, o EP ainda estava longe de ser concluído, e a gente aprendeu muito de lá pra cá. Jake: Eu diria que foi um ponto chave de mudança. Depois de entrar em tour com eles nós nos tornamos músicos de verdade. Deixamos de ser aquela banda local que toca para os amigos. Agora, com o lançamento, teremos uma tour em que seremos os headliners, e isso é uma mudança no jogo. Esperamos não decepcionar ninguém.
Not Dead: Com quais outras bandas gostariam de dividir o palco?
Jake: Waterparks! (risos) Max: O Jake gosta muito de Waterparks! Mas então, depende. A cena, especialmente no mundo punk, está repleta de bandas boas. Podemos dizer todas as bandas? Jake: Queremos fazer tour com quem quiser fazer tour com a gente! (risos)
Not Dead: Apoiamos uma tour com o Waterparks! Max: Nós até já mandamos uma mensagem para eles. Eu super toparia!
Not Dead: Já que tocaram no assunto, como está a cena de pop-punk britânica? Existe espaço e apoio suficiente para divulgação e agendar shows, por exemplo?
Jake: É complicado, quem vê de fora tem a impressão de que está crescendo, e está mesmo, pois há muitas bandas surgindo o tempo todo, mas isso também faz com que seja mais difícil de se destacar. Se você olhar o mapa vai perceber que, geograficamente, há pouco território para as centenas de bandas que estão tentando o mesmo que nós. Max: Acho que o que nos diferencia é que nosso som não é apenas pop-punk. Quando estávamos escrevendo para o EP não quisemos fazer como a maioria e seguir uma linha que soasse como o blink-182, por exemplo, queríamos fazer algo diferente. Até porque o gênero está mudando, progredindo em outras direções. E como compositor fazer algo que já foi feito não me satisfaz. Você não pode escrever apenas aquilo que o público quer, tem que agradar a si mesmo também.
Not Dead: Voltando para o EP, se pudessem escolher uma música para descrever a banda, qual escolheriam?
Max: Tem uma música que nós gravamos chamada “The Side Effects Of Being Happy” que é uma daquelas que temos uma boa resposta ao vivo porque é agitada. Essa e “Wreck” são as mais animadas. Enquanto “Killing The High Horse” e “Continents” são mais dark.
Jake: Por isso escolhemos esses dois singles, para mostrar que não fazemos apenas um tipo de música.
Not Dead: Pra finalizar, queremos ser as primeiras pessoas a dizer um “come to Brazil” para vocês! Max: Nós queremos ir para todos os lugares! Jake: E queremos ir para o Brasil com o Waterparks! Max: Nós amamos o país e adoraríamos conhecer! Jake: Claro que esse é apenas o nosso primeiro EP e nós já estamos chocados que vocês tenham aberto espaço para falar da gente no país de vocês. Max: Esperamos que aconteça em breve!
Nós também esperamos que a vinda dos caras não demore para rolar! E vocês, o que acharam da entrevista e de “Devil’s Plan For Idle Hands”?