O que faz uma música ou banda ganhar sua atenção?
Melodias bem escritas? Vocais sólidos? Letras de impacto? Se uma ou todas as opções anteriores estão na sua lista, então o Bearings é a banda na medida certa para você.
Desde os primeiros passos na cena anos atrás, o quarteto que se descreve como “um pouco indie, um pouco pop-punk, extremamente pessoal e sem meios termos" têm construído um nome para si enquanto a base de fãs cresce e se torna mais fiel a cada novidade.
Com dois EPs no currículo, os canadenses deram um passo à frente neste ano com "Blue In The Dark", debut lançado hoje via Pure Noise Records. Mas antes de ouvir o recente trabalho dos caras leia a nossa conversa com o vocalista Doug Cousins sobre o que rolou nos bastidores da gravação. Ele também falou sobre expor seus sentimentos, turnês recentes, e muito mais:
Not Dead!: Qual a sensação de lançar o primeiro full length? Existe muita diferença em relação ao EP?
Doug: Estamos animados, é algo grande. Fazer um trabalho completo foi uma oportunidade para experimentar novas ideias e de levar a música por um caminho mais catchy e ainda coeso. As músicas são a cara do Bearings, trazem o que já fizemos no EP e dessa vez as desenvolvemos muito mais.
Not Dead!: Que mudanças percebem, pessoalmente e musicalmente?
Doug: Estamos entrando na rotina de turnês mais longas e assumindo o papel de uma banda profissional. Musicalmente, estamos fazendo o que queremos em vez de nos importar com um gênero ou estilo.
Not Dead!: Qual é o conceito geral do disco?
Doug: É sobre a tentativa de conectar e entender o amor, a vida e a morte. Eu digo "tentativa" porque na vida você nunca consegue fazer isso até que tudo se acabe - ou algo assim.
Not Dead!: E quem vem com o conceito das músicas? Como vocês trabalham com isso?
Doug: O processo pode variar de música para música. Algumas coisas eu vou escrever com base no violão, em seguida, sentar com Ryan (Culligan, guitarrista) e realmente finalizá-la o suficiente para tocar com os meninos nos ensaios. Algumas fiz com o Alan Day (Four Year Strong) - trabalhamos a ideia e transformamos em uma demo. Outras foram compostas no estúdio onde nosso produtor Anton desempenhou um papel importante. Uma coisa que me deixa feliz é que o processo não foi forçado ou seguiu uma fórmula. Fizemos apenas o que parecia certo.
Not Dead!: Como foi juntar todas essas ideias?
Doug: No começo ficamos preocupados com o fato de que algumas músicas eram tão diferentes umas das outras que poderia ser difícil encaixar as peças. Mas conforme avançamos e mergulhamos na criação do disco, tudo fez sentido. Agora, olhando para o produto final, o contraste é lindo.
Not Dead!: O que você espera que as pessoas tirem dessas músicas?
Doug: Eu quero que as pessoas entendam que há tempo, mas não muito. Que é preciso aproveitar a vida agora e fazer o que você ama. Eu quero que as pessoas fiquem um pouco assustadas e pensem “porra, eu deveria fazer essa coisa que sempre quis fazer”.
Not Dead!: Quais faixas você acha que vão se destacar para os fãs? E quais são suas favoritas?
Doug: Eu acho que as pessoas vão gostar do “Careless Clarity”, mas há algo para todos. Nós adoramos essa e “Stuck In A Door Frame”.
Not Dead!: Falando sobre os fãs, por que você acha que as pessoas se conectam tão profundamente com vocês?
Doug: Eu acho que somos honestos em nossa abordagem e que isso ressoa nas pessoas. Em um momento em que a música pode parecer tão impessoal, alguns vão querer algo que vá além e procuram artistas que falem sobre coisas que são profundamente pessoais.
Not Dead!: Você já falou sobre ser influenciado pelo modo de escrever e gravar do Jimmy Eat World. Em quais outras bandas vocês se inspiraram para criar "Blue In The Dark"?
Doug: Algumas das quais nos referimos frequentemente no estúdio foram Death Cab For Cutie e Third Eye Blind. E vou deixar que vocês ouçam o disco e adivinhem em quais músicas nós refletimos essas influências.
Not Dead!: Queremos falar sobre as artes usadas. Tanto com o EP quando o disco trazem visuais que passam a impressão de terem sido desenvolvidos com bastante cuidado e atenção. Como chegaram nesse ponto e o quanto você acha que isso adiciona ao produto final?
Doug: Foi muito bem pensado, então estamos felizes que você tenha percebido! Geralmente pensamos no que o conjunto de músicas está dizendo e tentamos encontrar algo que corresponda. Com a arte de “Blue In The Dark” a intenção é combinar fotografia com algo um pouco surreal. Porque a vida real é um pouco surreal, certo?
Not Dead!: Mudando o assunto, vocês já dividiram turnês com algumas bandas de peso. O que aprenderam sobre como navegar nessa indústria?
Doug: Que a paciência é muito importante, pois o sucesso não virá da noite para o dia. Nós tentamos não pensar muito sobre "indústria” quando não precisamos focar nessa parte. Estamos tocando, formando novas amizades e nos divertindo.
Not Dead!: Para aqueles que não tiveram a chance de ver um show ainda, como você descreve o Bearings ao vivo? As novas músicas mudaram a dinâmica das apresentações?
Doug: Nós vamos sempre trazer muita energia ao vivo. Há um pouco mais de agressividade e honestidade. Não fazemos grandes atos, apenas tocamos nossas músicas e fazemos o que parece certo.
Not Dead!: Nós encontramos uma entrevista antiga no qual vocês falaram sobre o desejo de assinar com o Pure Noise, selo atual de vocês. Por que isso era um objetivo?
Doug: Eles haviam escolhido alguns artistas canadenses, bandas das quais nós éramos grandes fãs. E sempre amei a diversidade musical no selo, a honestidade e talento que toda banda parecia ter. Eles nos tratam bem e agradecemos por tudo o que eles têm feito por nós.
Not Dead!: E, para terminar, pensando num futuro próximo, quais são os planos para 2019?
Doug: Nós só queremos tocar o máximo que pudermos. Queremos ir para a Europa, Japão e, literalmente, em qualquer outro lugar que nos queira. Vamos continuar fazendo a nossa parte, o nosso som e deixando Ottawa orgulhosa.
Depois dessa declaração nossa esperança de show pelo Brasil ganhou força! Mas enquanto isso não acontece a gente aproveita para ouvir "Blue In The Dark":