O Not Dead! segue com o especial sobre o OneRoadie Live. O festival que rolou em São Paulo no dia 15 deste mês, reuniu nomes nacionais e internacionais de diversos segmentos.
Na semana passada publicamos nossa entrevista com Alex Owens, do Beneath The Waves, e hoje você confere o papo com Luke Nagel.
Pouco antes de subir ao palco da Jai Club, o frontman do Woven in Hiatus, uma bandas que vinha representando o pop-punk lá fora, conversou com a gente sobre a nova fase, a mudança no som e muito mais. Leia abaixo:
Not Dead!: Oi Luke, tudo bem? Obrigada por falar com a gente.
Luke: Tudo bem, eu que agradeço o espaço.
Not Dead!: Queremos falar sobre “Celestial”, como tem sido a resposta dos fãs?
Luke: Muito bom! Estamos felizes pois queremos expandir nossa música para além do gênero pelo qual ficamos conhecidos e estávamos nervosos também.
Há muitas coisas, das quais não posso entrar em detalhes, que dependiam do sucesso desse disco, que foi lançado de forma independente. O primeiro álbum saiu por uma gravadora mas dessa vez tínhamos que ter certeza de que o investimento daria retorno e o primeiro single “Venus” teve recepção melhor do que qualquer coisa que já havíamos lançado até aquele momento. E as pessoas têm aceitado muito bem a mudança no som e a direção que queremos seguir.
Not Dead!: E o quê inspirou o tema?
Luke: Eu tenho muito interesse em ciência, astrologia e astronomia. São paixões minhas e acredito que unir esses interesses à música gera resultados melhores artisticamente.Acho também que muito na vida é belo e triste e a imagem do universo evoca esses sentimentos e é algo fácil de se trabalhar.
Not Dead!: O que mudou no processo criativo e de produção entre os discos?
Luke: Foi completamente diferente. No início seria apenas um projeto acústico solo mas quando chamei alguns músicos para me acompanhar acabei transformando em algo para a banda.
No primeiro álbum tínhamos contrato com a We Are Triumphant . Nós gravamos 5 músicas, mandamos para o selo antigo, assinamos contrato e imediatamente saímos em turnê. Isso mudou nossa percepção, alguns artistas que abriram nossos shows eram tão bons que sabíamos que precisávamos elevar nosso nível. Ver pessoas com tanto talento mas sem espaço nos fez dar mais valor à plataforma que conseguimos. Nos fez querer evoluir e mostrar que temos mais a oferecer como artistas.
E dessa vez gravamos por conta, então tivemos mais tempo para escrever, gravar e repetir o processo até que estivéssemos satisfeitos com o produto final.
Not Dead!: Você prefere trabalhar desse modo ou com uma gravadora?
Luke: Como tudo há prós e contras. Com outra pessoa trabalhando na música o processo é mais relaxado, da primeira vez tudo o que fiz foi entrar na cabine, gravar os vocais e depois beber com meus amigos. Dessa vez participei de todo o processo, o resultado é muito mais a minha cara mas às vezes se torna cansativo e você fica preso na própria cabeça.
Depois de gravar e ouvir a mesma música tantas vezes, no fim do dia você acha que o trabalho está um lixo, quando há outro par de ouvidos no estúdio, a distância e percepção do que é feito é diferente. É mais divertido e tem menos pressão quando é feito assim, dá muito mais trabalho fazer tudo sozinho mas é isso que estamos buscando.
Not Dead!: Você comentou sobre como estar em turnê mudou a postura da banda. Isso influenciou de algum modo a produção do disco ou em como visualizam o futuro da banda?
Luke: Demais. Fiz uma turnê com o Hawthorne Heights, Convictions e In Her Own Words por um mês no qual tocamos cerca de 25 shows, em alguns dias fizemos três shows praticamente sem dormir, e às vezes, em questão de horas nosso público mudava de uma casa lotada para cinco pessoas na plateia e foi uma experiência incrível. Por mais cansativo que tenha sido foi importante pois apesar das circunstâncias, a cada noite eu tive que dar meu máximo. Acho que qualquer um que queira ser músico tem que passar por isso.
E também me fez perceber que faço música para mim, claro, mas principalmente para outras pessoas, que o importante é o que elas ganham ao me ouvir. Conheci pessoas que interpretaram minhas canções de jeito completamente diferentes do que eu tinha em mente, e me ensinou que a interpretação dos fãs é mais importante do que a minha, pois quero que cada um tenha uma conexão própria.
Not Dead!: Como é a interação com o público durante os shows? Como isso interfere na apresentação?
Luke: Cada show é único, aquele pode ser o primeiro de alguém então por mais que, por exemplo, eu não goste de alguma das músicas que ainda toco ainda tenho que considerar o que aquela canção significa para quem ouve e focar nisso, não é sobre mim.
Not Dead!: E para o show de hoje, o que você levou em conta ao fazer a setlist?
Luke: Muita coisa tem influência nisso, o local onde toco, o tipo de equipamento de som disponível, o público. Acho que não passa pela cabeça das pessoas que aquela vez pode ser a única que ela verá a banda tocar exatamente daquela maneira. E se você é musico e se prende numa fórmula para os shows você provavelmente vai se foder (risos), pois é sempre diferente. Então até o último minuto, até sentir o meu ambiente a set não estava fechada.
Not Dead!: Existe alguma possibilidade de voltar com a banda completa?
Luke: Por enquanto não temos planos mas estamos sempre abertos para novas oportunidades se as pessoas quiserem nos ouvir.
Not Dead!: Falando em oportunidades, o que você acha que eventos como OneRoadie possibilitam para quem participa deles?
Luke: É uma experiência única, vir e participar de shows pode ser um risco, se você não conhece todas as bandas ou não tem companhia mas é uma oportunidade para fazer novos amigos. Digo, você não vai lembrar das noites que passou assistindo Netflix mas a memória de um show é marcante.
Not Dead!: Sobre conhecer novas bandas, o que você sabe sobre música brasileira?
Luke: Minha avó é brasileira, eu não cresci ouvindo a música de vocês mas tive contato com pouco de português em casa então estar aqui e viver essa cultura me faz sentir conectado com a lembrança dela. Das bandas que tocam hoje eu ouvi um pouco no avião e estava acompanhando a passagem de som, acho que são muito bons.
Not Dead!: Você sabe um pouco de português então?
Luke: Não! Eu era muito novo quando morei com ela então não mantive. Sei falar "obrigado" apenas (risos).
Not Dead! É um começo! Para finalizar, quer deixar algum recado para quem ler essa entrevista?
Luke: Quero apenas agradecer por tudo.
E aí, gostaram? O especial sobre o OneRoadie Live ainda terá mais uma parte, nos próximos dias vocês vão conferir o papo com o Morgan Dorr e saber o que rolou na apresentação do Highland Park Collective e da Never Too Late. Fiquem ligados!
Foto: Gabriela Klein