Fotos: Mara Alonso
Domingos foram feitos para ficar no sofá reunindo forças para a semana que está começando, certo? Se o tempo estiver fechado e chuvoso então, nada melhor do que um filme ou uma maratona na Netflix.
Isso é claro, se um dos seus ídolos não estiver no país pela primeira vez em 11 anos para apresentação única. Nesse caso, a ordem do dia é tirar a blusa e o guarda-chuva do armário e marchar o mais cedo possível para onde rola o show.
E foi exatamente isso que os fãs de Frank Iero fizeram neste fim de semana para a estreia do projeto The Future Violents. Às sete da manhã, a calçada em frente ao Fabrique Club já recebia parte da galera que encheu o local.
Por volta das 16h, a banda chegou para a passagem de som e foi recebida aos gritos por uma pequena multidão. A comoção foi tamanha que a produção precisou montar um esquema de segurança com grades, algo que nós até então nunca tínhamos visto acontecer em shows da Powerline, uma vez que o público tende a ser mais restrito.
A abertura das portas foi adiantada para liberar a rua e o tamanho da fila impressionou os funcionários do local que até comemoraram quando o último fã entrou na casa.
Mas o tamanho da emoção do público era justificável, já que mais de uma década separou o show de domingo de sua última apresentação no país, com o My Chemical Romance. Entre os fãs, era fácil ouvir histórias nostálgicas sobre a turnê de 2008 que passou pelo Brasil ou então conversas sobre as promessas de Frank de voltar logo. Tudo só alimentava a expectativa sobre o que estava por vir.
O show marcado para às 20h30 começou quinze minutos mais cedo. Foi preciso apenas o símbolo da banda aparecer no telão para que os gritos e palmas ecoassem pelas paredes de forma ensurdecedora.
O abre da noite “World Destroyer” foi entoado a plenos pulmões pela plateia. Na sequência vieram “Veins” e a recente “Young And Doomed”, única música do set que compõe o novo trabalho. Mesmo tendo sido divulgada a poucas semanas, a faixa foi cantada do começo ao fim pela maioria dos fãs ali presentes.
Desde que iniciou a carreira solo, Iero assumiu um lado mais punk do que o som que estava acostumado a fazer com o My Chemical Romance. Acompanhado de outros músicos, primeiro veio o projeto frnkiero and the cellebration e, depois, Frank Iero and The Patience. Por mais que as músicas desses projetos recheassem a setlist que ouvimos no dia 28 de abril, o guitarrista subiu ao palco para divulgar sua terceira empreitada, com o Frank Iero and The Future Violents.
Então fica aqui o ponto negativo da noite, já que esperávamos ter uma prévia maior de “Barriers”, que será lançado em 31 de maio. Como São Paulo foi uma das primeiras cidades a ver a nova banda em ação, sentimos falta de ouvir um pouco mais do que os caras construíram juntos.
A ausência de novidade não pareceu ser sentida pelos fãs, que aproveitaram cada segundo depois de uma longa espera pela vindo do músico que confessou não ter planejado liderar um grupo. “Foi algo que apenas aconteceu, de um jeito muito natural. E fico muito feliz que as coisas tenham corrido dessa forma.”
Ficou claro que a posição lhe cai bem, durante toda a apresentação ele fez questão de conversar com os fãs entre uma música e outra, até mesmo brincando com o tempo que levou para voltar ao país. “Vocês me esperaram por 11 anos e eu por vocês, estamos em simbiose. Na proxima ao invés de ‘come to Brazil’ talvez vocês possam ‘come to New Jersey’”.
A estreia de Frank Iero and The Future Violents foi marcada por músicas rápidas, agressivas e profundas, que foram recebidas pelos fãs com muitos gritos e coros ensaiadíssimos. A plateia, empenhada em demonstrar o amor pelo ídolo emo levantou placas que diziam “your art changes lives”. Iero agradeceu e completou. “Todo mundo se sente fodido, às vezes. O mundo está de cheio de pessoas assim, tentando ser como as outras e você precisa apenas de você. Então não seja perfeito, seja você. Eu sou grato a vocês por serem quem são.”
Ao lado dos demais músicos, Evan Nestor (guitarrista do Murder By Death), Matt Armstrong (baixista) e Tucker Rule (baterista do Thursday), Frank encontrou espaço para mostrar o grande guitarrista que é. Em diversos momentos, mostrou-se super experimental com a guitarra no palco, apesar de muitos solos importantes ficarem sob responsabilidade de Nestor.
O show também teve um momento super especial, em que Frank dedicou a faixa “BFF” à sua filha em New Jersey. “Ela deve estar dormindo essas horas. Mas peço que cantem alto o suficiente para que ela ouça de casa”. O pedido foi prontamente atendido com carinho por todos.
A produtora Powerline reconhecendo a carga emocional que acompanhava o retorno de um dos músicos mais influentes da última geração estava preparada e colocou grades na divisão entre público e o palco. Ao ver fãs tão emocionados, que chegaram até a passar mal na reta final da apresentação, notamos que a escolha foi um acerto, até para evitar o que aconteceu durante o show do Taking Back Sunday, em março.
Já nos momentos finais quando a banda se retirou do palco imediatamente surgiram gritos pedindo a volta dos músicos. Ao retornar, Frank vestia uma camiseta da seleção com nome do atacante Firmino, presente ganho mais cedo, e brincou: “essa é uma opinião talvez não muito popular, mas ele é melhor jogador do Brasil”, disse antes de anunciar as três canções derradeiras.
A despedida ficou por conta de “Oceans” e com a promessa de não demorar mais uma década para nos visitar. Do Brasil, Frank seguiria para o México afim de encerrar a tour latino americana antes lançamento oficial do projeto.
Infelizmente, nesta madrugada, o cantor informou que esses shows não acontecerão nas datas planejadas por orientações medicas. Você pode ler a declaração completa aqui .
Desejamos que Frank se recupere e retorne aos palcos com a "Barriers Tour" logo.
Setlist:
“World Destroyer”“
Veins”“Mess”
“Young and Doomed”
“Viva”
“Neverenders”
“Curse”
“BFF”
“Smokerings”
“No Fun”
“Percocet”
“Let You Down”
“Tragician”
“Weighted”
“Joyriding”
Encore:
“Basement Eyes”
“All I Want”
“Oceans”