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Not Dead! entrevista: Low High

Michelly Souza

No início dessa semana os cariocas do Low High estrearam a nova fase da carreira com o EP "Coal". Com três faixas, o trabalho marca o retorno da banda às atividades, apresenta novas influências musicais - resultado do tempo em que cada integrante se dedicou à outros projetos - e também um novo membro: a baterista Lara Bichara.

O Not Dead! teve a oportunidade de conversar com o quarteto composto também pelos músicos Luke Mello (guitarra e voz), Zed Cerqueira (guitarra) e Júlio Fagundes (baixo) sobre o processo de reestruturação da banda e criação do material inédito, além questionar o grupo sobre assuntos importantes como a posição do grupo em relação à certos comportamentos da cena pop-punk como um todo. Confira:

Not Dead!: A primeira estrofe do EP é uma mensagem bastante direta, o que significa para vocês ter algo assim iniciando a nova fase?

Luke: Eu estava escrevendo com planos de fazer um álbum completo e juntei algumas músicas e quando decidimos fazer um EP apresentei algumas delas para banda. Essa foi a primeira que mostrei, porque tinha feito ela já pensando que seria a cara do nosso retorno e da nova fase da banda e na mesma hora todos concordaram que essa tinha que ser o abre.

Amo tocar pop punk, mas estava um pouco cansado de ser comparado sempre com as mesmas bandas. Sendo que meu plano na Low High sempre foi de ser algo mais abrangente. Foi uma ótima música para dar um novo passo e, ao mesmo tempo, retomar esse pensamento.

Not Dead!: A propósito, qual o significado desse título, "Coal"?

Luke: A ideia veio da música "Hairline Fracture" do Rise Against. Há um trecho que diz "que esses carvões se tornem fogo, para guiar o nosso caminho". Na época estávamos começando a ensaiar com a Lara, gravando as demos e toda a magia estava voltando. Então, eu senti muito essa música e essa parte especificamente, como algo que representava um recomeço, uma restauração de algo que estava quebrado.

Not Dead!: Falando em restauração, vocês passaram algum tempo trabalhando em projetos fora do Low High entre o último lançamento e este, como essas experiências influenciaram o resultado do EP?

Júlio: Quando você experimenta novas influências no seu som, consequentemente você se sente mais confortável na hora de compor. Você compreende melhor seu instrumento e o que a canção pede. E pelo fato de estar produzindo meu outro projeto (Sobressalto) com o Luke no estúdio dele, o entrosamento melhorou ainda mais.

Not Dead! Quando “Stains And Walls” foi lançada, vocês disseram que a música foi escrita enquanto ainda trabalhavam no álbum anterior e tinha a intenção de ser uma ponte entre o som novo e o antigo. Como as outras faixas tomaram forma?

Luke: Mostrei as músicas que eu tinha guardado, escolhemos as que faziam mais sentido gravar no momento. Estipulamos um prazo, começamos a fazer os arranjos, e as demos. Estávamos nos reunindo umas três vezes por semana, e passávamos os dias no meu estúdio gravando as ideias. Às vezes, íamos para outro estúdio aqui perto ensaiar as músicas novas, e testar como tudo seria ao vivo.

Not Dead!: Em algum momento compor em português foi opção?

Luke: Engraçado, vira e mexe alguém vem me falar que devíamos estar cantando em português, mas nunca foi uma opção. Não que achamos ruim, nem nada do tipo. Só que nunca aconteceu mesmo.

O Júlio escreve músicas incríveis em português, mas isso nunca foi discutido incluir na na bada. Talvez porque passamos todos os últimos anos tentando construir uma identidade sonora em inglês. Pelo menos para mim, sempre foi muito natural escrever em inglês. Estudo a língua desde bem pequeno e tenho uma facilidade bem maior de me expressar assim.

Zed: Para mim também. Eu sempre ouvi músicas em inglês e nunca tive muito contato com músicas em português. Só depois de muito tempo, quando estava fazendo faculdade de música e tocando com a Forsound (minha antiga banda com a Lara), que fui conhecer mais. Mas sendo sincero, nunca tentei compor em português, porque em inglês sempre me pareceu mais natural.

Not Dead!: Vocês mencionaram a mudanças na formação, como a Lara Bichara entrou para a banda e quais as contribuições para o trabalho atual?

Luke: Eu estava em Juiz de Fora na casa do nosso antigo baterista, Cyro, gravando a Legrand, que é a banda na qual ele toca hoje. Então, ele me disse que talvez fosse melhor ele sair da Low High, por estar morando longe e não ter como estar mais presente, ainda mais com a Legrand crescendo cada vez mais.

Fiquei bem triste, óbvio, mas na mesma hora ele falou sobre chamar a Lara para tocar bateria. Ela é uma grande amiga de todos da banda, há muitos e muitos anos, pois eu e Júlio estudamos com ela na mesma escola de música. O Zed também tocou em uma banda com ela.

Assim, o Cyro mesmo foi falar com ela. Então, marcamos uma reunião, fizemos um ensaio e a Lara foi incrível. A cada ensaio que fazíamos, ela chegava mais preparada, e tocando ainda melhor que antes, então foi perfeito! Além disso, ela também é muito boa com coisas visuais. Sempre ajuda com o visual dos nossos posts, nossas fotos e outras coisas do tipo.

Not Dead! Aproveitando a deixa, há algum tempo muitas acusações sobre o comportamento de alguns músicos com fãs e outras mulheres da cena pop punk foram feitas. Agora, com uma garota na banda, queremos saber como vocês abordam essas questões internamente e também com o público?

Luke: Falamos brevemente sobre isso, mas não foi um assunto muito recorrente. Sempre nos tratamos com muita igualdade e respeito. Então não mudou muita coisa no nosso comportamento como banda ter uma garota no grupo.

Lara: Existe uma hipocrisia enorme no mundo da música, é preciso cuidado e discernimento para separar as coisas. Ser mulher nesse meio é um ato de resistência. É necessário respeito e empatia.

Not Dead! Para Lara em específico: imaginamos que você já foi questionada antes sobre “como é ser uma baterista”, essa ainda é uma pergunta válida ou o quê poderia ser questionado e seria uma conversa mais importante e atual?

Lara: A bateria ainda é vista por muitos como um instrumento masculino e a raiz desse problema está na sociedade como um todo, o preconceito ainda existe. É uma luta diária para quebrar esses paradigmas e fico feliz de ver que tem rolado muita união. Isso é importante e necessário para continuarmos nesse caminho de desconstrução.

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