top of page

Faixa a faixa: Yellow Days - Never Too Late

Gabrielli Salviano

2019 tem sido um ano fértil para a cena de pop-punk nacional. Os primeiros meses ficaram marcados pelo disco "Empatia", do Hurry Up, e agora o segundo semestre reúne expectativa para o debut do Zero To Hero e para o sophomore da Never Too Late, "Yellow Days".

O sucessor de "No Return", tem algumas particularidades com o primeiro disco da banda. Além de beber bastante na fonte do pop-punk, foi produzido por Gab Scatolin, que assinou o trabalho pioneiro dos paulistas.

No entanto, as semelhanças ficam por aí. "Yellow Days" eleva a Never Too Late para outro patamar de composição. As músicas do álbum retratam de forma fiel a jornada do vocalista Gustavo Kalili em meio a um período de depressão e são inspiradas em diversas fases da doença que foram vividas na pele.

Melodicamente, a banda também trouxe novos elementos. Marca a Never Too Late como um quarteto, com uma guitarra a menos, que está cada vez mais conversando com o emo e que está construindo músicas de nova forma, com mais riffs que antes.

Do ponto de vista empresarial, também representa um passo à frente. É o primeiro disco da Never Too Late por um selo expressivo, a Hearts Bleed Blue, que é a principal gravadora que abraça o underground no Brasil, sendo casa inclusive do Dinamite Club.

Dois dias antes da divulgação oficial das músicas, a banda organizou um evento para mostrar ao público as inéditas em primeira mão e discutir sobre saúde mental, tema que pauta mais do que nunca a banda.

O Not Dead! esteve no evento cobrindo tudo em tempo real. Mas você confere aqui detalhes sobre cada uma das músicas:

Maze

"Maze" é a primeira faixa do disco, a primeira música a ser divulgada e a primeira a ser feita. A letra fala sobre a sensação de estar perdido em pensamentos e na própria rotina, comum a quem sofre de depressão e ansiedade. Junto de todos esses sentimentos conflitantes, a banda ainda fala sobre uma saída que pode ser a ajuda de uma pessoa querida.

Take It Or Leave It

Segundo o baterista, Ricardo Montezuma, a partir da segunda faixa o álbum começa a metaforizar os altos e baixos de quem está com a saúde mental comprometida e intercala músicas mais densas, com faixas mais animadas melodicamente ou otimistas. A segunda música cumpre esse papel. Em "Take It Or Leave It", ouvimos uma banda mais pra cima, fazendo ponte com as faixas do antecessor "No Return". Na letra, a banda fala sobre escolhas e a dificuldade de fazer até mesmo simples decisões.

Disconnected

“Disconnected” retorna ao lado obscuro da depressão. Ela fala sobre a apatia, medicamentos e, no final, traz uma mensagem positiva. Se você acompanha o Not Dead!, no ano passado viu a banda tocando a faixa exclusivamente no ensaio.

Now It Makes Sense

Depois vem “Now It Makes Sense”. Ela também tem uma vibe mais pra cima que combina com o otimismo da letra, que conta sobre o momento de abrir os olhos sobre a depressão e valorizar as coisas simples.

Undone

Depois tem “Undone”. A música é aquele tipo de faixa que te pega pela simplicidade de falar sobre algo tão comum. O tema é começar coisas e não ter pique para terminá-las, por causa da desmotivação e apatia. Gustavo disse que esse sentimento veio até na hora de escrever as músicas e o baixista, Rodrigo Simonetti, falou que essa vibe também afetou a rotina da banda que demorou para finalizar o álbum e enfrentou alguns gaps na agenda de shows.

Talking To Myself

“Talking To Myself” é outra faixa que cativa pela simplicidade, já que trata sobre o hábito de falar sozinho. O vocalista da banda contou que de repente notou que estava acontecendo com ele com mais frequência.

Egocentric

"Egocentric" vai numa linha mais social e foi inspirada pelas redes sociais e os seus efeitos para a saúde mental das pessoas. No evento, o baterista reforçou a importância do tema, que é comprovado por pesquisas e até já teve efeitos práticos, com o Instagram retirando a contagem de likes nas publicações.

Blame

“Blame”, segundo Gustavo, é sobre ficar se culpando de coisas que você não tem poder nenhum. A banda fez uma analogia com o hábito inevitável de “achar a grama do vizinho mais verde”.

What Really Matters

“What Really Matters” relembra o tema trazido por “Now It Makes Sense” e também questiona o que realmente importa na vida e os valores das coisas. Propõe uma reflexão interna.

Yellow Days

A última é “Yellow Days”, que o público pode conferir com antecedência. A música coroa o disco com outro sintoma que vem atrelado à depressão ou ansiedade, a insônia. No refrão, fecha o disco com um lapso de otimismo e reafirma a vontade de viver dias felizes novamente.

A Never Too Late dedicou um disco inteiro a um tema que pode ser obscuro pra muita gente, mas a banda reafirmou que o objetivo não foi glamorizaram a doença ou romantizar a tristeza. A partir das vivências do Gustavo, os integrantes quiseram oferecer um ombro amigo e inspirar pessoas a buscarem ajuda em momentos de desesperança.

Agora, o álbum já pode ser ouvido nas plataformas de streaming. Então não deixe de conferir o resultado final:

11 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page