A segunda passagem do Circa Survive pelo Brasil chegou ao fim neste domingo (16) e passou por muitas cidades brasileiras, como Porto Alegre (9), Rio de Janeiro (13), Belo Horizonte (14), São Paulo (15) e Curitiba. A tour, organizada pela Powerline, divulga o quinto álbum de estúdio da banda, "The Amulet", lançado no ano passado via Hopeless Records. O Not Dead! conferiu a apresentação paulista de perto e conta para você o que aconteceu. Confira!
Wiseman
Com a casa enchendo aos poucos, o Wiseman foi a primeira banda a assumir o palco do Fabrique Club. Em um set de cerca de 30 minutos, os caras tiveram a oportunidade de apresentar as músicas de seu primeiro álbum, "Mindblown", recém-lançado. No palco, o vocalista e guitarrista Thiagones disse que o registro foi produzido nos Estados Unidos, com apoio de ex-integrantes da veterana banda de hardcore melódico Reffer.
A banda se destacou pela postura divertida no palco e pelos solos cheios de distorção.O Wiseman se mostrou ser uma boa escolha para a abertura, já que as músicas escolhidas para a apresentação flertam bastante com o post-hardcore, grunge e o hardcore dos anos 1990. Inclusive, como o cover da apresentação, a banda decidiu tocar "Territorial Pissings", do Nirvana. Entre as músicas autorais, destacamos "Fabric Floor", com uma letra crítica sobre o piloto automático da vida proletária.
Bullet Bane
O show do Bullet Bane aconteceu em um momento conturbado da carreira da banda, já que, no final de agosto, os caras anunciaram a saída do vocalista, Victor Franciscon. Mesmo assim, a agenda de shows foi mantida. No Oxigênio Festival, o Bullet Bane fez uma apresentação com um rodízio de diversos vocalistas de outras bandas e na abertura do Circa Survive, a apresentação foi conduzida por Arthur Mutanen, do Alude.
Sem muito papo, o Bullet Bane foi direto ao ponto, tocando uma música seguida da outra com muito peso e rapidez. Como a banda já tem nome consolidado na cena underground, o Bullet Bane foi recebido por uma plateia cheia, que já conhecia o repertório autoral e cantava alto cada uma das músicas do set. Com o final do show, os caras saíram do palco com pedidos de mais músicas.
Circa Survive
Antes de se apresentar em São Paulo, o Fabrique Club era aquecido por uma playlist que variava entre sons punk dos anos 1980 e clássicos de Adoniran Barbosa, como "Saudosa Maloca" e "Tiro Ao Álvaro". Tudo isso acontecia enquanto os integrantes do Circa Survive passava o próprio som e foi uma boa oportunidade para que a banda conhecesse mais a cultura brasileira, coisa que o vocalista Anthony Green já disse adorar, ao assumir admirar o trabalho de Tim Maia.
A banda entrou em ação pouco antes de oito e meia da noite, para um público de faixa etária bem mais avançada que a que estamos acostumados a encontrar nas coberturas de pop-punk do Not Dead!. Muito em virtude disso, a interação dos fãs com o Circa Survive ficou muito mais em cantar muito alto cada uma das músicas, e não nos tradicionais moshs do underground.
A banda iniciou a apresentação com "Rites Of Investiture", música do novo lançamento. O álbum "The Amulet" marcou forte presença na setlist, contando com quatro faixas perfomadas ao vivo. No entanto, os fãs deixaram a empolgação ainda mais evidente nos clássicos do Circa Survive. Quando "Get Out" e "The Difference Between Medicine And Poison Is In The Dose" o público foi a loucura e cantou até mais alto que o próprio vocalista.
Anthony Green demonstrava claramente o quanto estava se divertindo no palco. Inúmeras vezes disse o quanto se sente bem em tocar suas músicas para uma plateia em êxtase, como a de São Paulo. O vocalista também entrava em transe em alguns momentos, dançando e interpretando perfeitamente as letras do Circa Survive. Aliás, dançar era uma ordem de Green à plateia a cada faixa tocada, praticamente.
Inclusive, vale destacar a qualidade técnica de Anthony Green, dono de um timbre único e bem agudo. Em "Tunnel Vision", umas das novas músicas, muito é exigido do vocalista, que assume perfeitamente a responsa e garante cada nota perfeitamente, tudo isso sem diminuir a energia pelo palco.
Outro momento que destacamos é "Child Of Desert", uma das músicas mais antigas do Circa Survive. O público não perdeu o fôlego durante os quase cinco minutos de faixa. Com palmas, a música iniciou e, ao longo de sua evolução, ela ganha momentos mais grooveados, dançantes, até que para e é retomada de maneira completamente enérgica, com solos de guitarra distorcidos. Sem dúvida, algo que não pode faltar no setlist dos caras.
Mas vale lembrar, o show do Circa Survive não é para qualquer público. A cultuada banda de post-hardcore tem em sua discografia muitas músicas intensas e longas, que podem não ser bem digeridas em sequência, como na apresentação, por algumas pessoas que preferem mais agilidade. Mas quem estava lá, estava viajando junto dos músicos em cada uma das músicas.
Em resumo, definimos a apresentação do Circa Survive assim: músicos afiadíssimos tecnicamente, com destaque à potência vocal de Anthony Green, e uma apresentação carismática, graças ao vocalista também. Durante o show, o cara parava para trocar ideia e dizer que se lembrava de determinados fãs da plateia, não parava de agradecer e elogiar o público, e, também, vale mencionar o elogio feito no palco ao Bullet Bane, da abertura.
Mas se você perdeu, não se preocupe! A criatividade de Anthony Green não se resume ao Circa Survive e é aplicada em vários outros projetos. Os fãs brasileiros poderão ver novamente o vocalista em ação em fevereiro, dessa vez com o clássico Saosin e seu projeto solo no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.
Setlist
Rites of Investiture
The Difference Between Medicine and Poison Is in the Dose
Wish Resign
Tunnel Vision
Child of the Desert
Get Out
In Fear and Faith
The Great Golden Baby
Lustration
At Night It Gets Worse
Living Together
Act Appalled
Dyed in the Wool
I Felt Free Encore:
Descensus
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