Na ativa desse 2010 o sexteto Cemetery Drive entrou no radar do Not Dead! ano passado.
O caminho percorrido até que os caras se consolidassem como uma das principais bandas na cena italiana de pop-punk que guiou nossa primeira conversa com o vocalista Simon Feichter.
Desde então o Not Dead! tem acompanhado cada novidade e desta vez o papo é sobre o "Searchlight", lançado em 19 de julho. O cantor e compositor compartilhou detalhes sobre voltar ao estúdio, lidar com o bloqueio criativo, trabalhar com o artista brasileiro Vinicius Gut nas artes para o EP e mais. Confira abaixo:
Not Dead!: O título do EP chamou nossa atenção logo de cara, de onde veio a inspiração e como ela se conecta à música?
Simon: Honestamente, eu não consigo me lembrar. Como acontece com frequência, na parte criativa, foi uma ideia que veio a mim e fez sentido. Todo o EP tem um tema introspectivo e muitas das músicas são sobre encarar a si mesmo lidando com as coisas que acontecem ao seu redor. Quando, às vezes, você se sente perdido e tentando se encontrar. Então algo relacionado a luz fazia sentido. O nome do EP, assim como alguns dos títulos das músicas, tem mais de um significado.
Not Dead!: Quando você começou a pensar sobre as ideias ou sentimentos que queria colocar neste EP? Como foi o processo criativo?
Simon: É sempre um processo contínuo. Algumas dessas músicas eu comecei a trabalhar antes mesmo de "Mixed Feelings" (2017), mas elas não estavam prontas ou não se encaixavam naquele trabalho. Então, provavelmente algumas semanas após o lançamento do nosso EP anterior, comecei a trabalhar ativamente neste.
O processo criativo foi um pouco exaustivo desta vez. Eu usei muitas ideias e sentimentos mais antigos, o que me levou de volta a lugares que às vezes eu não queria ir mentalmente. Mas foi definitivamente necessário. Foi como fechar um capítulo na minha vida.
Not Dead!: Durante esse processo você se questionou ou sentiu inseguro em compor sobre algum assunto específico?
Simon: Nos inspiramos pelas situações que vivemos. Nós não inventamos histórias ou escrevemos sobre política, etc. É tudo sobre experiência e emoção. Nunca há realmente uma questão de 'eu deveria ou posso escrever sobre isso?'. Eu escreverei sobre tudo, da forma mais vulnerável que puder.
Not Dead!: E quando você passa por um bloqueio criativo? Você pode dar alguma dica sobre como contornar isso?
Simon: Pessoalmente, estou nesse bloqueio criativo na maior parte do tempo (risos). Eu nunca realmente forcei a arte. Se tenho algo em minha mente ou algo para dizer, é fácil para mim colocar em palavras e música. Se não estou inspirado, não há muito que eu possa fazer sobre isso, e estou bem com isso.
Acho que experimentar coisas novas poderia ajudar; como olhar o mundo ao seu redor. É claro que há momentos em que você simplesmente não consegue terminar uma música da maneira certa ou gasta muito tempo em uma ideia. Nesse caso eu sugiro ir trabalhar em outra música e voltar a essa em um outro momento.
Not Dead!: Quais foram as principais mudanças entre os dois EPs?
Simon: Eu acho que as composições melhoraram. Talvez algumas das coisas mais antigas fossem um pouco mais atraentes e fáceis de escutar, mas esse não era o objetivo com esse EP. Sonoramente é maior, tem muito mais camadas do que “Mixed Feelings”. Eu também acho que essas músicas serão mais interessantes ao vivo.
Not Dead!: Houve alguma coisa no trabalho anterior que você quis preservar indo para o estúdio desta vez ou algo que você não queria?
Simon: O fluxo de trabalho e de estar no estúdio foram os mesmos. Federico Ascari foi mais uma vez nosso produtor e amamos trabalhar com ele. Ele se tornou uma grande parte dessa banda ao longo do tempo.
Not Dead!: A música "2AM" foi planejada para ser apenas um single ou em algum momento faria parte do EP?
Simon: Sim, na verdade era para estar lá no começo. Mas depois de alguns meses e algumas conversas entendemos que seria melhor lançar 5 músicas completamente novas. Adoramos lançar material novo e não queremos que as pessoas esperem muito, o que também é a razão pela qual decidimos lançar "2AM" como um single independente em 2018.
Not Dead!: Antes de liberar o EP, o que passou pela sua cabeça?
Simon: É claro que você sempre pensa se as pessoas vão gostar, mas nós estávamos super animados com isso e queríamos colocá-lo no mundo o mais rápido possível.
Not Dead!: E como tem sido o feedback?
Simon: O feedback foi ótimo até agora! As pessoas parecem realmente se conectar às músicas e tirar algo delas. Isso é o mais importante para nós. Não podemos esperar para ver como isso funciona nos nossos shows.
Not Dead!: Por que você acha que as pessoas se conectam à sua música ou como você explica isso?
Simon: Eu gosto de pensar que é porque passamos muito tempo imaginando como uma determinada música pode expressar um certo sentimento. Queremos que os ouvintes sintam o que sentimos. Há tanta coisa que todos temos em comum, passamos pelas mesmas coisas. Eu acho que quando conseguimos colocar em palavras essas experiências há uma conexão.
Not Dead!: Da última vez que conversamos você disse que fazer música é a parte “fácil”, e o verdadeiro desafio é ter a chance de mostrá-la. Qual é a sua opinião sobre isso desta vez?
Simon: Isso ainda é verdade! É difícil transmitir sua música para as pessoas certas e para um público maior. Como artista, você sabe escrever músicas, mas na maioria das vezes você não tem ideia de como funciona a promoção e etc. É importante entender essa parte também.
Not Dead!: Você também mencionou Taylor Swift como uma colaboração dos sonhos, esse ainda é o desejo? Existe alguém além dela?
Simon: Sim, se Taylor quiser uma colaboração, nós não a recusaremos (risos). Mas se você fizesse a mesma pergunta agora, provavelmente escolheríamos Billie Eilish.
Not Dead!: Mudando um pouco de assunto, os visuais de “Searchlight” foram criados por um artista brasileiro, como você conheceu o Gut?
Simon: Nós vimos alguns dos seus trabalhos dele e adoramos. Então enviamos um e-mail para ele, que topou criar algumas artes para nós. Ele é um cara tão humilde e trabalhador. Foi um prazer trabalhar com ele.
Not Dead!: O que você pode dizer sobre a ideia por trás disso? Há algum significado oculto?
Simon: Significados ocultos estão lá para serem descobertos. Nós não queremos tirar isso de ninguém. Mas sim, as artes estão cheias de significados ocultos.
Not Dead!: Quando você pensa em músicas, você imagina a arte ou os videoclipes de uma só vez ou isso vem depois?
Simon: Depende! Às vezes sim, outras vezes descobrimos o que fazer com os vídeos depois. Também depende do orçamento, claro, caso contrário, teríamos muitas ideias malucas.
Not Dead!: E há algum vídeo na gaveta?
Simon: Nós vamos ter algo para "Candle" em breve.
Not Dead!: Por fim, você conhece algo sobre a cena brasileira?
Simon: Infelizmente não conhecemos. Com certeza precisamos fazer uma pesquisa. Estamos abertos para sugestões do que ouvir.
E, enquanto esperamos por mais novidades e pistas para desvendar a simbologia que acompanha "Searchlight" dê o play no EP e compartilha com a gente e o que achou da entrevista e quem sabe alguma teoria.