Navegando pelo Spotify em busca de bandas novas, você pode se deparar com boas surpresas. Em meio a inúmeros nomes do circuito Estados Unidos - Reino Unido, é possível terminar ouvindo, por exemplo, o som de uma galera que faz uma cena italiana de pop-punk acontecer.
Foi assim pelo menos que a gente conheceu o Cemetery Drive, uma das principais bandas do gênero na Itália, que nasceu mais ao norte do país. E, apesar de o pop-punk não ter tanta penetração neste território, até mesmo com tours gringas, os caras afirmam que existe um cenário sólido acontecendo por lá, junto a nomes como Why Everyone Left.
Mas nem sempre foi assim. Os integrantes começaram a banda sem grandes intenções, mas só depois de reformular a identidade e a sua formação, o Cemetery Drive começou a se consolidar. Agora, os italianos fazem parte do casting da We Are Triumphant, que está relacionado à Sony e à Victory Records e chegou a lançar “Rain In July”, do Neck Deep, e “Long Nights and Heavy Hearts”, do Oh, Weatherly. No selo, o Cemetery Drive lançou o primeiro EP da nova fase, “Mixed Feelings”.
Nós chamamos os caras para bater um papo. O vocalista, Simon Feichter, topou conversar com a gente para apresentar a banda, suas músicas e, claro, a cena italiana. Veja a entrevista abaixo:
Not Dead: Como a banda se formou?
Simon: Nós nos formamos originalmente no verão de 2010. Éramos amigos da mesma cidade tocando músicas juntos, sem grandes intenções. Tudo começou a ganhar importância com o passar do tempo e, então, em 2016, tivemos uma mudança de formação para levar a banda mais a sério.
Not Dead: Por que escolheram tocar pop-punk? Como vocês se conectam com o gênero?
Simon: Tentamos coisas diferentes, para não nos limitarmos ao pop-punk. Temos várias influências e tentamos combinar tudo isso sonoramente, para nem sempre acabar naquele estilo mais "otimista". Mas posso dizer com certeza que o segmento é onde todos nós nos conectamos.
Not Dead: Falando em influências, quais artistas inspiram vocês?
Simon: Quanto aos outros integrantes, existem outras escolhas. Mas a resposta mais óbvia é blink-182, Sum 41 e essas coisas similares. Essas duas bandas foram as que mais nos inspiraram a tocar nossas músicas. Mas também gostamos de nomes mais recentes e nos espelhamos, inclusive, na nossa cena local.
Not Dead: A parceria dos sonhos seria com qual artista?
Simon: Essa pergunta é difícil… talvez com a Taylor Swift (risos).
Not Dead: Como é ter banda hoje em dia e espalhar o trabalho de vocês pelo mundo?
Simon: É bem mais fácil gravar músicas e espalhar por aí porque, literalmente, qualquer pessoa pode fazer isso. Mas também é muito difícil fazer com que o público tenha interesse em ouvir. Tem muito conteúdo disponível para as pessoas escutarem ou assistirem, então é preciso convencer a galera a dar uma chance para o que você faz. Mas, mesmo assim, a atenção das pessoas é muito curta. O dinheiro que você economiza ao gravar e distribuir, hoje em dia, deve ser investido na promoção do seu trabalho.
Not Dead: No Brasil, temos poucas bandas de pop-punk e, além disso, o gênero não é nem um pouco popular. Como você descreveria a cena italiana? Ela se desenvolve melhor por estar na Europa?
Simon: Pra mim, a cena da Europa não é tão desenvolvida quanto no Reino Unido ou nos Estados Unidos, mas está crescendo. A Itália tem uma cena sólida se desenvolvendo há um tempinho, então eu diria que o gênero é popular aqui até certo ponto. Não podemos dizer que é mainstream ou algo similar. Mas também tenho notado que na Alemanha o segmento tem crescido ultimamente.
Not Dead: O idioma foi uma barreira que vocês precisaram superar?
Simon: Ainda é. Alguns de nós falam inglês melhor, outros se comunicam bem mal (risos). Mas linguagem sempre foi meio que um problema. Na região em que moramos, também falamos alemão assim como italiano, tivemos aula das duas línguas na escola. Então sempre foi difícil definir qual seria o idioma que escolheríamos para conversar com nosso público. De uns tempos pra cá, decidimos usar apenas o inglês do que falar em três idiomas diferentes. É algo universal, então todo mundo entenderá nossas mensagens.
Not Dead: Como rolou a parceria com a We Are Triumphant?
Simon: Depois da nossa mudança de formação em 2016, nós decidimos tirar nosso tempo e tentar coisas diferentes em nossas composições. Enquanto estávamos gravando, entramos em contato com Justin Stanek, o A&R da We Are Triumphant, que pareceu gostar da nossa pré-produção e querer escutar o produto final. Depois que mandamos a master para a avaliação dele, que veio falar com a gente imediatamente pelo Skype para arranjar o contrato.
Not Dead: O que mudou depois de assinar os papéis?
Simon: Começamos a ter uma visão melhor do lado “business” da coisa e, com isso, aprendemos muito. Eles nos deram ferramentas para construir um público e realmente nos ajudaram, ao colocar nosso som em playlists influentes do Spotify. Também passamos a enxergar a banda de um jeito mais sério e estamos tentando levar isso do jeito mais profissional possível.
Not Dead: Pra quem ainda não conheceu o Cemetery Drive, qual música vocês recomendam?
Simon: Acho que nosso primeiro single “What Remains”, do EP “Mixed Feelings”, mostra um pouco de tudo que conseguimos fazer como músicos.
Fire questions
Not Dead: Qual foi o último disco que você comprou?
Simon: "Take This To Your Grave", do Fall Out Boy. Custou umas 3 pilas, então eu me senti obrigado a comprar pela nostalgia.
Not Dead: Um guilty pleasure?
Simon: Nenhum, acho que está tudo certo em escutar o que quer que seja, desde que você goste. Mas talvez Post Malone (risos).
Not Dead: Uma série para maratonar?
Simon: Breaking Bad
Not Dead: Conte uma coisa louca que aconteceu com a banda.
Simon: E uma longa história (risos).
Not Dead: Pop-punk é...
Simon: Pop-punk é… amor. Pop-punk é vida.
Agora é hora de ouvir o que o Cemetery Drive tem para te mostrar! Confira o EP dos caras e depois nos conte o que achou do papo e do som dos caras.