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Not Dead! entrevista: Atria

Gabrielli Salviano

Coesão e unidade são provavelmente alguns dos conceitos mais importantes para uma banda e foi justamente isso que a Atria, banda de Erechim (RS), experimentou em seu novo trabalho, um EP autointitulado.

As novas cinco músicas que a banda divulgou na última quarta-feira (23) representam o quarteto integralmente. Diferente do EP de estreia, “Eu Sei Que Ainda Existe Algo Aí”, as faixas não partiram exclusivamente do guitarrista e vocalista Gabriel Bosi e contam com ideias de cada um dos integrantes tanto nas letras quanto nas melodias. Também trazem o toque da banda desde a criação das faixas à finalização, já que os músicos se envolveram em todas as etapas.

Tudo isso é resultado de uma formação mais sólida que a banda alcançou. O novo EP refinou a sonoridade da Atria e fortaleceu a química entre os integrantes, que acreditam ter encontrado o caminho certo para representar a si mesmos.

Nós conversamos com Gabriel Bosi e o baterista Bernardo Klain sobre o momento que o trabalho capta além de detalhes da criação do EP. Confira abaixo:

Not Dead!: O que esse EP representa para a banda?

Gabriel Bosi: É um momento com mais união e maturidade. Antes, nós estávamos descobrindo nosso som, tinha pop, hardcore, música mais alternativa, e agora, filtramos um pouco mais e tem a nossa cara. Temos composições mais pesadas e é isso que ele mostra.

Bernardo Klain: Diferente do primeiro EP, esse tem uma mistura de cada um de nós. O processo do primeiro era diferente, a gente tinha músicas prontas e só foi gravar. Já nesse aqui todo mundo participou do processo criativo.

Gabriel: No primeiro EP, eu tinha feito tudo e os guris chegaram e gravaram, porque a banda vinha de muita mudança de formação. Agora já temos essa formação há dois anos e fizemos tudo junto.

Not Dead!: Quais são as mensagens que quiseram passar?

Gabriel: As letras são pesadas e bem pessoais, mas eu não estava tentando falar pra ninguém como sair da depressão. Meu objetivo não era falar pra ninguém o que fazer ou prejudicar de alguma forma. Pra mim, é mais uma forma de ser o que algumas bandas representam pra mim quando eu não estava legal. Queremos que as pessoas ouçam, percebam que existem outras pessoas vivendo um momento difícil também e se sintam abraçadas por isso. A ideia é mostrar que você não está fodido sozinho e que tem alguém em algum canto do mundo.

Not Dead!: A partir de quando as músicas começaram a tomar forma?

Bernardo: Foi mais demorado do que a gente queria. “Tormento”, por exemplo, a gente lançou como single no ano passado.

Gabriel: Até por causa disso ela nem ia entrar no EP. Mas começamos a trabalhar nelas a partir de dezembro do ano passado.Bernardo: A gente também já tinha gravado um clipe pra “Longe Daqui” e desde lá começamos a trabalhar. É complicado porque todo mundo tem uma vida fora da banda, sem falar da questão financeira.

Gabriel: Mas durante esse tempo, teve um carinho maior na questão de fazer demos das músicas em casa, editar tudo. Fizemos em dois estúdios, aqui e em São Paulo. Então tudo isso contou para o tempo, que foi quase um ano de trabalho.

Bernardo: Foi mais demorado, mas ficou melhor que nosso trabalho anterior, na minha opinião.

Not Dead!: Melodicamente, as músicas estão mais pesadas e introspectivas, tanto nas letras quanto nas melodias. O que causou essa mudança?

Gabriel: Na questão de letra foi algo pessoal, que eu não sei se ainda estou preparado pra falar. Da banda, no instrumental, teve o nosso crescimento, a entrada do Biro e muito do que ouvimos hoje. Nós não sentamos e falamos “ah, vamos fazer algo mais pesado”. Só aconteceu.

Bernardo: O clima que todo mundo se encontrava contribuiu muito.

Gabriel: Todo mundo tem seus estresses, as coisinhas do dia a dia.

Bernardo: O Bosi escreveu a maior parte das músicas, mas todo mundo se identifica e capta as ideias. Isso acaba refletindo no instrumental.

Not Dead!: Como vocês falaram, dessa vez teve mais envolvimento de toda a banda no processo criativo das músicas. Podem descrever melhor como essa dinâmica aconteceu?

Gabriel: Os esqueletos das músicas, digamos assim, partiram de mim. Mas em nenhum momento eu falei pros caras para fazerem de um jeito ou de outro. Apenas cheguei com algo mais simples e falei pros outros integrantes darem a cara deles. Dessa vez, também teve uma música que não começou de mim. “Conflito” começou com nosso baterista e guitarrista. Eles começaram com instrumental e só depois eu me envolvi pra valer. Mas, no geral, começa em mim, eu repasso a ideia e se todo mundo comprar, eles colocam a identidade deles.

Bernardo: Teve “Tormento” também que os primeiros versos vieram de mim, depois você fez o resto e a parte da guitarra foi criada pelo nosso baixista (Guilherme Dassi). Então todo mundo colocou um pedaço de si e resultou no que a Atria é agora.

Not Dead!: Qual é a importância de usar essas músicas como apoio em momentos ruins para o lado pessoal de vocês?

Gabriel: No dia de lançar me bateu um nervoso, mas ao mesmo tempo um alívio. Como falei, é algo muito pessoal, que foi saindo. Mas acho que o principal papel dessas músicas foi de ajudar a gente a se conhecer melhor, de se abrir mais um com o outro e fortalecer a amizade.

Bernardo: Não tem explicação quando as pessoas cantam junto aquele negócio que você fez. Você percebe que rola identificação, que as pessoas colocam pra fora...

Gabriel: Já tive gente me chamando pra falar que as músicas ajudaram de alguma forma e isso não tem explicação. Até no show, é muito louco ver que as pessoas não estão vendo de braço cruzado, mas sim cantando como se aquelas músicas fossem feitas pra elas. Isso é muito importante até por sermos uma banda pequena.

Not Dead!: Em relação à gravação, como foi isso de trabalhar com dois estúdios diferentes?

Gabriel: Inicialmente, a gente já tinha gravado “Tormento” em um estúdio da região, como um teste, que deu super certo. Depois, eu fui para Guarulhos pra falar com os caras do Bullet Bane e acabou que o Danilo masterizou o nosso EP. Rolou um clima muito bom e fomos nos entendendo. A gente gravava aqui e mandava pra eles lá, sempre trocando ideia por mensagem. Não teve nervosismo nenhum nesse processo, a gente estava bem seguro com as músicas.

Not Dead!: Teve alguma pessoa no meio do processo indicando algum caminho para a banda ou trazendo outras ideias?

Gabriel: Não, tudo partiu de nós quatro mesmo. Apesar de termos contado com dois estúdios, não tivemos produtor. As pessoas que nos ajudaram estavam lá por nós, nos davam dicas, mas ele não queriam limitar a gente. Inclusive, quando entramos no estúdio não mudou quase nada nas músicas em relação às demos.

Bernardo: Por isso, eu acho que esse EP representa muito bem a gente. Somos nós ali. Não teve ninguém fala.do “faz isso aqui, faz aquela outra coisa”.

Not Dead!: Entre as cinco faixas, qual mais se destaca na opinião de vocês?

Gabriel: Pra mim é difícil dizer, eu não sei definir nem das bandas que eu gosto, quanto mais das músicas que eu escrevi. Mas “Aprendi A Perder” é uma música bem intensa pra mim. Também gosto das variações instrumentais dela, além da letra.

Bernardo: Eu também me sinto assim, fiquei bem feliz com o resultado final. Mas a que eu gosto mais é “Conflito”, porque quem escreveu o refrão fui eu, então me identifico mais. Ainda assim, acho que a melhor é “Aprendi A Perder”. É nossa música mais completa, que tem mais potencial e é uma das mais legais de tocar também.

Not Dead!: E quem fez a arte da capa? Qual é o conceito por trás dela?

Gabriel: Ela é bem louca. Quem fez foi o Tuca, daí de São Paulo. A arte tem sido feita desde quanto o EP começou, faz bastante tempo mesmo. Ele já fez a arte do single “Tormento” no ano passado.

Bernardo: Ele também fez uma arte para um show nosso de um ano do outro EP.

Gabriel: A ideia das cores veio das letras, quisemos representar o setembro amarelo. Pra contrastar, quisemos outra cor forte, então escolhemos o navy blue. Ou seja, representa uma coisa de boa com uma coisa mais pesada. Foi bem difícil manter em duas cores, mas eu insisti pra gente manter os dois opostos.Nos desenhos, dá pra ver alguns momentos que você passa quando está sofrendo. Tem o masculino e o feminino chorando pra representar que a depressão não escolhe alguém, que aquilo é difícil para todos. A rosa dá uma quebra, tem um cara fumando, remédios, coisas que representam bastante.

Quisemos que o sentimento das letras estivesse na capa. A ideia é mostrar as coisas que afetam e como elas afetam. O tema foi entregue de cara. Já que é pra falar de sentimento, vamos falar de sentimentos.

Not Dead!: Por optaram por não dar um título ao EP?

Gabriel: Na hora de subir nas plataformas de streaming eles exigem um nome. Nós tentamos colocar símbolos que representassem a ideia do EP, mas não aceitaram, então chamamos pelo nome da banda, Atria. Então ele não tem nome. O motivo é porque têm momentos em que você não consegue definir o que está passando. Tem até uma frase em “Aprendi A Perder” que diz: vai ver seja melhor não entender. Às vezes, você não sabe e não precisa definir o que está sentindo.

Not Dead!: Agora, quais são os próximos passos?

Gabriel: Agora a ideia é tocar, mostrar o que fizemos, tanto aqui quanto em outras cidades. Já temos alguns shows marcados. Também pensamos em gravar clipes, mas não estamos pensando tão à frente não. Ficamos um ano trabalhando nisso, então agora queremos fazer a parte legal e depois voltar a trabalhar.

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