A dobradinha de 2016 e 2017 foi intensa para os paulistas da Never Too Late. Durante o período, a banda lançou seu primeiro full length, “No Return”, fez clipe, tocou bastante pelo sul e sudeste e até abriu os shows da tour brasileira do Four Year Strong. É claro que todo esse trabalho não foi em vão. Graças a toda essa correria, os caras se estabeleceram como um dos principais nomes de pop-punk do país.
Mas esse caminho não foi só feito de coisas boas. De lá pra cá, a Never Too Late enfrentou alguns perrengues. Entre eles, a baixa de mais um guitarrista na formação, que transformou a banda em um quarteto, e muitas dúvidas sobre qual caminho seguir como músicos. Esse último questionamento vem principalmente por causa da inconstância da cena brasileira de pop-punk, que ora parece se fortalecer e ora parece desmoronar.
E mesmo diante tantos problemas, os caras decidiram insistir mais um pouco no pop-punk para o sucessor de “No Return”, que está tomando forma aos poucos. O motivo não poderia ser outro: o gênero é a coisa que os integrantes mais gostam de escutar e tocar.
“Tinha uma dúvida no começo. Começamos a encanar nessa de que a banda precisava evoluir, fazer algo um pouco mais diferente. Mas a gente começou a se perder muito nisso de buscar referências e aí decidimos seguir o mesmo caminho do “No Return”, de fazer o que a gente gosta”, disse o baixista, Rodrigo Simonetti, para o Not Dead! antes de um ensaio para o novo material.
Essa não foi a única neura da Never Too Late antes de começar os trabalhos. “Rolou até uma dúvida de saber se a gente ia cantar mesmo em inglês ou se voltava para o português. Nos perguntamos se deveríamos fazer algo mais pop ou alternativo, pra ver se atraía mais gente. Isso rola porque às vezes fazemos um show que está muito cheio e outro que está muito miado. É uma montanha russa”, afirma.
Os caras estão desde julho empenhados em reunir um bom volume de novidades para levar ao estúdio até o meio deste ano. Mas, em quase um ano de processo criativo, muitas coisas acabaram se atrasando, até por conta da baixa na formação. “É uma coisa normal, porque a gente não leva a banda como uma prioridade de vida, então uma hora ou outra tem que entrar um e sair outro, e assim vai. Mas a gente preza a amizade, por isso não queremos colocar qualquer outra pessoa de cara. Não queremos atrasar todo o processo de novo.”
Pelo menos em estúdio, nada muda nessa parte. Rodrigo falou que as novas faixas da Never Too Late estão sendo imaginadas com duas guitarras, como sempre foi. O ao vivo, entretanto, ainda está em testes. “A gente se apresentou na Jai esses dias e já tocou uma nova. Em junho, terá mais um show, em que a gente vai tocar mais músicas e ver como que funciona.”
O que já tomou forma?
Em março, a Never Too Late apresentou uma música nova durante um show. Para Rodrigo, a apresentação já mostrou a linha que o CD deve seguir. “Musicalmente, não será nada muito diferente do que a galera está acostumada a ouvir. O que posso dizer é que será mais emotivo. A primeira música é muito pessoal e traz um lado do Gustavo na letra, um problema dele do ano passado.”
Isso refletiu bastante na presença de palco da banda. “Foi diferente pra gente tocar, porque a gente vê o Gustavo sempre muito enérgico. Dessa vez, foi mais emotivo porque é uma música que carrega mais emoção. Teve até comoção no palco.”
Essa abordagem, além de ser um reflexo da vida pessoal do vocalista e principal letrista, Gustavo Kalili, pode ser até resultado de uma das maiores influências da banda. A Never Too Late é fortemente influenciada pelo trabalho do Real Friends, que é conhecido por trazer uma carga emocional pesada nas letras e melodias.
Produção
A Never Too Late ainda está na fase de reunir todas as ideias em estúdio e dar os últimos ajustes, antes de entrar em estúdio para gravar oficialmente. Além das duas músicas mais prontas, existem algumas ideias soltas que já estão sendo bem conduzidas. Isto porque a banda já tem trabalhado em conjunto com o produtor Gab Stacolin, que assinou a produção do “No Return”.
“A gente grava algo em casa ou no estúdio e já manda as ideias pra ele. Sentimos confiança com o trabalho dele. O Gab está com a banda desde o EP “Premiere”. Aprendemos bastante, a gente meio que sacou as dicas dele e isso afetou a nossa criatividade”, explica Rodrigo.
Mesmo assim, a produção do álbum foi algo que precisou ser discutido entre os integrantes, que pensaram em tentar terrenos diferentes com as músicas. “A gente até cogitou de fazer com o Leo Ramos, do Supercombo, mas é preciso ter o pé no chão, porque se gasta muito dinheiro em uma gravação de CD. Por um lado, temos um cara que curte o tipo de som que a gente gosta e conhece, mas por outro, temos um cara entende muito de música, mas que talvez não saiba exatamente o que a gente precisa.”
O que fica disso tudo é que a Never Too Late seguirá aperfeiçoando o que faz de melhor: pop-punk. “Acho que a gente tem melhorado bastante porque os quatro estão na banda juntos há quase três anos. A gente está cravando mais as coisas, melhorou muito a dinâmica entre nós. Isso eu posso dizer que melhorou mesmo!”