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Blogs de pop-punk relatam o desafio de produzir conteúdo independente no Brasil

Gabrielli Salviano

Além de apoiar a cena local, o Not Dead! apoia qualquer iniciativa que tenha como objetivo unir fãs de pop-punk e divulgar novas bandas. A lista vai desde canais no YouTube a outros blogs, que estão juntos da gente na missão de defender o sub-gênero e fortalecer o cenário.

Assim como nós, outros dois blogs se destacam no meio por manter um trabalho consistente e frequente, e, claro, uma postura de resiliência. De um lado está o MCore, que surgiu como um espaço editorial para focar em bandas de metalcore, mas que expandiu seu espectro para falar de punk em geral, incluindo aí seu segmento mais pop. O blog tem forte atuação no interior de São Paulo. De outro, está o blog paulistano We Are Fearless, que nasceu como um street team da Fearless Records no Brasil, mas que posteriormente ampliou seu trabalho para bandas de outros selos.

Por trás dos sites existem equipes formadas por pessoas que se dedicam a escrever sobre bandas ou então filmar e fotografar eventos. Entretanto, dois nomes se destacam: Bruno Ariel, o fundador do We Are Fearless, e Felipe Balbino, um dos redatores mais ativos do MCore. Ambos começaram a criar conteúdos com foco em música a partir destes projetos.

Os dois também têm uma história parecida no que diz respeito à formação musical e a vontade de fazer algo a mais pela cena. Começaram a gostar de punk rock por causa de bandas que não necessariamente faziam parte da cena pop-punk, mas expandiram seus gostos na adolescência, com os players indo de bandas como Bring Me The Horizon a blink-182, claro.

O passo para sair da tag de “fãs” para “produtores de conteúdo” veio logo em seguida. “Sempre quis fazer algo a mais pela cena. Frequento os rolês underground desde 2009 e sempre pensei em ter uma página e cobrir eventos. Entrei no MCore em 2013. Não fui eu quem criou o projeto, mas sim um brother meu, o John, que me chamou pra equipe do blog. Depois disso, veio a página Pop-punk Brasil, em 2015”, diz Felipe se referindo ao blog e também a uma página do Facebook com alto engajamento dentro da cena.

Com Bruno, a ideia de produzir conteúdo veio um ano depois, após uma apresentação do A Day To Remember em São Paulo que fotografou de forma amadora. “Consegui tirar fotos bem legais e pensei que me dava bem com isso. Também sempre quis viver de música de alguma forma. Em 2015, quando o Asking Alexandria veio com o Blessthefall para o Brasil, descobri que a Fearless Records tinha um programa de street team. Tentei me inscrever nisso, consegui passar e cobri o evento. Foi meu primeiro show fotografando de verdade. Em 2016, a coisa ficou mais séria. O projeto surgiu como um canal no YouTube, para depois virar um blog.”

Ações offline

Nos dois sites, o trampo é encaixado nas brechas entre trabalho e estudos, mas mesmo assim Bruno e Felipe conseguem criar ações importantes para o público do pop-punk. É comum, por exemplo, ver entrevistas com bandas gringas e nacionais nas páginas do MCore e da We Are Fearless. Os colaboradores também descobriram maneiras de fazer iniciativas offline, para fortalecer as bandas nacionais e consolidar seu público.“Quando o MCore fez um ano, a gente organizou um evento e lotou uma casa em Campinas. Também tivemos a chance de entrevistar gringos como Satanic Surfers, bandas da Suécia, entre outras... Eu nunca imaginei que chegaria a esse ponto. Achei que a gente só usaria a página para divulgar os rolês daqui de Campinas e das cidades mais próximas”, diz Felipe, que acredita que o apoio, infelizmente, ainda fica mais visível na internet.

Bruno também criou ações interessantes fora da internet, com o apoio da própria Fearless Records. “No ano passado, fizemos um evento de lançamento do Punk Goes Pop 7. Foi no Feeling Music Bar, na Vila Mariana, com apoio da produtora Pindorama.” Nesta ocasião, ele lembra que sorteou a última edição da coletânea, rara no Brasil.

Desafios

Ainda que as ações gerem resultados e buzz para os blogs, engajar público continua sendo um desafio para os colaboradores. E a culpa pode estar dos dois lados, acredita Bruno. “Temos muitos planos, mas pouco tempo para executar, mas além disso, também acho que é o público. Muitas vezes ele ajuda, mas, às vezes, parece que você faz muita coisa e não tem retorno nenhum e fala para o nada. Faz você se perguntar se deve continuar com isso.”

Mas nem os perrengues do dia a dia desanimam os caras. “Já me questionei, já pensei que não estava rolando, mas ao mesmo tempo penso que é algo mais pessoal. Porra, eu amo essas bandas, estou feliz fazendo isso. Então mesmo com pouco público, tenho vontade de fazer acontecer, porque isso pode ajudar uma banda a sobreviver, por exemplo.”

Foto: We Are Fearless

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