Autotune, sintetizadores, muitos álbuns produzidos por Matt Squire e roupas coloridas. Essa era a vibe da cena pop-punk do final dos anos 2000. É claro que havia algumas exceções, como o easycore ainda em alta e as bandas da última geração do “emo”, que continuavam na mídia. Mas o que realmente funcionava no momento era o powerpop em fusão com o pop-punk, que influenciou uma nova geração de bandas, inclusive no Brasil.
É até curioso lembrar que essa fase já passou há uma década! Mas nós estamos aqui para relembrar um pouco dela, seja com álbuns que abusavam de sintetizadores ou não. A redação do Not Dead! listou os 10 melhores discos da época e os motivos que fazem desses álbuns tão importantes para a história do gênero. Depois nos conte se faltou alguma coisa por aqui!
“Say Anything” - Say Anything Vamos começar a lista falando de veteranos da cena, o Say Anything, que lançou em 2009 seu álbum autointitulado. O álbum foi lançado em uma época meio turbulenta para a banda. Pouco após o lançamento desse trabalho os caras deixaram a RCA e perderam o baixista Alex Kent, que chegou até a ser substituído por Kenny Vassoli do The Starting Line em alguns shows da tour de lançamento.
O álbum abraça um pouco do pop nas músicas da tracklist. O resultado foi uma vendagem que foi a mais expressiva na história do Say Anything.
“21st Century Breakdown” - Green Day Em 2009, também havia espaço para lançamentos de bandas clássicas, por mais que a essa altura do campeonato, o Green Day fosse uma das únicas que continuava em plena atividade e relevância. No ano, a banda quebrou o jejum de cinco anos de divulgação de faixas de inéditas após “American Idiot” e entregou 18 faixas novinhas em “21st Century Breakdown”.
Com o tamanho da responsabilidade, por suceder o álbum possivelmente mais importante do Green Day, “21st Century Breakdown” meio que desapontou o público, mas merece os seus créditos mesmo apesar da recepção. O disco também é carregado de conceitos e tem singles muito importantes para a discografia da banda.
“21st Century Breakdown” é dividido em três atos e as músicas presentes neles têm narrativas que conversam entre si. A história central do álbum é o casal Christian e Gloria, e seus desafios no século 21.
“Brand New Eyes” - Paramore Outro disco que fazia parte do lado mainstream do pop-punk é “brand new eyes” do Paramore. O álbum é importante por vários motivos: é o sucessor de “Riot”, ou seja, o responsável por provar a relevância da banda, mas é o último na discografia da banda que ainda pode se enquadrar dentro da estética do pop-punk.
Além disso, em linhas gerais, “brand new eyes” é um disco obviamente com bom desempenho comercial, pois conta com singles importantes para a história da banda como “Ignorance”, “Brick By Boring Brick”, “Playing God” e, claro, “The Only Exception”. Mas o álbum também é importante por ser a última gravação com a formação clássica do Paramore, com Hayley Williams, Zac e Josh Farro, Jeremy Davis e Taylor York.
Mas indo além dos clichês, se destacam no álbum a intensa abertura, “Careful”, e as faixas mais ousadas melodicamente “Where The Lines Overlap” e “Misguided Ghosts”.
“Love Like This” - The Summer Set Esse debut surfava na onda de bandas que estavam em alta no momento, como o All Time Low e o We The Kings. Com “Love Like This”, o The Summer Set se consolidou no circuito e se tornou um dos nomes favoritos para dividir palco com essas bandas.
O álbum em geral tem a característica principal das bandas dessa geração: letras adolescentes, melodias dançantes, autotune (talvez até em excesso, mas perdoamos pela estética da época) e muito, mas muito sintetizador.
Pra gente, os destaques são as joviais e cheias de energia “The Boys You Do (Get Back At You)” e “Punch-Drunk Love”, mas principalmente o refrão chiclete de “Chelsea” e a quase toda eletrônica “Can You Find Me?”.
“On Your Side” - A Rocket To The Moon Agora é hora de falar de um debut que deixou muita gente apaixonada e em alerta para acompanhar os próximos passos: “On Your Side”, do A Rocket To The Moon. Combinando um pouco do powerpop de synths, autotune e letras adolescentes, com um toquezinho ainda discreto de country music, o álbum já veio debaixo do guarda-chuva da major Fueled By Ramen e do selo Decaydance Records, de Pete Wentz, que também era casa do Cobra Starship.
Com esse debut, a banda provou que era uma das bandas mais consistentes do momento, com vocais e letras bem trabalhados, além de melodias bubble-gum e uma vibe bem pop, que combinava com o clima da cena naquela época. No entanto, mesmo sendo um bom fit pra cena na época, o A Rocket To The Moon deixava claro seu diferencial.
Os destaques pra gente são “Annabelle” e sua letra divertida, “She's Killing Me”, “On Your Side” e “Dakota” que nos lembram a linha “country” que o A Rocket To The Moon seguiu a partir do segundo disco, além de “Life Of The Party” e “Give A Damn” que conversavam com a vibe pop da cena.
Mas também é impossível falar desse disco sem mencionar os singles “Mr. Right”, “Baby Blue Eyes” e “Like We Used To” que eram verdadeiros hinos na época.
"Hot Mess" - Cobra Starship Pode não ser tão pop-punk assim, mas o Cobra Starship e seus álbuns, principalmente "Hot Mess", influenciaram a geração de bandas que explodiu no final da primeira década do século. Os sintetizadores, a influência dos anos 1980, as letras ousadas, os remixes dançantes e as roupas coloridas foram fatores que caminharam junto de bandas que citamos aqui, como o All Time Low e o We The Kings. Isso sem falar no impacto no Brasil, com a neon music do Cine e do Restart. Em "Hot Mess", a banda traz muito mais sarcasmo em músicas divertidas, com melodias dançantes e cria uma vibe que combina com o verão. Dúvida? Então vamos mencionar alguns clássicos: "Good Girls Go Bad", "Pete Wentz Is The Only Reason We're Famous", "You're Not In On The Joke", "Wet Hot American Summer" e, claro, "Hot Mess". O álbum também traz diversas colaborações ecléticas e interessantes, que vão além de B.o.B e Leighton Meester: Patrick Stump, Pete Wentz e Cassadee Pope (na época do Hey Monday!).
"Smile Kid" - We The Kings Esse é um álbum cheio de letras alegres, apaixonadas, agitadas, com melodias alto astral. O sophomore do We The Kings trazia a banda em sua melhor fase musical, mas também mostrava as ambições do quinteto. "Smile Kid" é também um álbum com muita influência de powerpop, com synths e bastante uso de autotune. A banda também explorou novos instrumentos para compor as faixas. É recheado de músicas com uma vibe positiva e dançante, como "She Takes Me High", "Heaven Can Wait", "The Story Of Your Life", "Summer Love", "In-n-Out (Animal Style)" e "Anna Maria (All We Need)", ou seja, o álbum quase todo! Ainda há espaço para baladinhas apaixonantes como "Promise The Stars". Mas o destaque do álbum é "We'll Be A Dream", um feat. com Demi Lovato, quando a cantora estava em sua fase pop-punk. A colaboração levou o We The Kings a um novo patamar de popularidade e fez a banda explorar cada vez mais o pop em seus álbuns sucessores.
"Anywhere But Here" - Mayday Parade Apesar de não ter sido inovador em relação ao antecessor "A Lesson In Romantics", também colocamos "Anywhere But Here" na prateleira dos clássicos do pop-punk.
Nele, o Mayday Parade se viu em duas missões importantes: superar a saída de Jason Lancaster e fazer jus ao contrato com uma major, a Atlantic. A banda também atingiu números impressionantes em paradas da Billboard americana e fez um álbum consistente e bem avaliado pela crítica.
Em "Anywhere But Here", o Mayday Parade mantém sua característica de fazer músicas tristes realmente tristes, como na faixa que dá nome ao álbum e em "The Silence" “Save Your Heart” e "Still Breathing". Também está nessa tracklist uma balada que bate de frente com "Miserable At Best", "I Swear This Time I Mean It".
Outra menção obrigatória é ao single carro chefe do disco "Kids In Love", que é um hit nostálgico, com a cara do verão, mas que no fundo também carrega uma letra extremamente triste. A bônus track "The Memory" também é carregada de emoção e é aquele tipo de faixa que deveria entrar na lista oficial de músicas, por despertar tantos sentimentos no ouvinte.
"Homesick" - A Day To Remember "Homesick" é um álbum de easycore com muita influência de pop-punk no meio de suas 12 faixas. A banda desacelerou um pouco, investiu mais em melodias, mesmo sem deixar o peso e os breakdowns de lado. O álbum, produzido pelo guitarrista do New Found Glory Chad Gilbert, também alcançou números ótimos em charts da Billboard e teve uma vendagem muito expressiva para uma banda de um selo independente.
Este álbum é provavelmente o mais clássico da discografia do A Day To Remember, pois conta com bangers como "Have Faith In Me", "The Downfall of Us All", "My Life For Hire", I'm Made Of Wax, Larry, What Are You Made Of?", "Another Song About the Weekend" e, claro, a baladinha fofa "If It Means A Lot To You".
Mas, a relação conturbada da banda com a Victory Records já deu seus primeiros indícios aqui. O baixista Joshua Woodard diz que o A Day To Remember não estava pronto para gravar na época em que entrou em estúdio, mas que a pressão do selo por mais um disco levou a banda a lançar as faixas. E se você notar bem, as letras trazem vários shades nesse sentido.
Mas mesmo assim a banda entregou um disco muito consistente, com melodias surpreendentes, coros contagiantes, características únicas e hits atemporais. Além disso, Jeremy McKinnon continuou a ocupar seu posto de um dos melhores vocalistas da cena, indo dos vocais guturais aos melódicos com a mesma qualidade.
"Nothing Personal" - All Time Low O terceiro álbum de estúdio do All Time Low é a chave que consolidou a banda como um clássico do pop-punk. E vamos combinar que essa foi uma missão complicada. Afinal, "Nothing Personal" é o sucessor de "So Wrong, It's Right", o famigerado disco que conta com o maior hit dos caras, "Dear Maria, Count Me In".
Com "Nothing Personal", o All Time Low se consolidou com outros bubble-gum hits, como "Weightless", "Damned If I Do Ya (Damned If I Don't)" e "Lost In Stereo". Mas na tracklist, o álbum revelou um lado diferente de Alex Gaskarth como compositor, mostrando que o músico é capaz de ir além das temáticas adolescentes e entregar verdadeiras obras, como "Poison" e "Therapy".
Mas sem desmerecer as músicas com espírito mais jovial e despreocupado, o álbum também tem boas pérolas que poderiam muito bem ter sido singles, como os clássicos “Stella”, “Break Your Little Heart”, “Hello, Brooklyn” e “Walls”.
Outro grande feito do All Time Low com "Nothing Personal", foi o começo da parceria com Mark Hoppus. Nessa época, a banda compôs uma música com o baixista do blink-182, que não chegou a entrar no álbum, e convocou o cara para o clipe de "Weightless". A gente aposta que nessa época, Alex jamais imaginaria criar o Simple Creatures!
Com um álbum divertido e cheio de referências do pop, o All Time Low conquistou o topo das listas Álbuns Alternativos, Álbuns Independentes e Álbuns de Rock, da Billboard, e influenciou a geração de bandas que ouvimos hoje. Por isso, a banda está no topo da nossa lista!
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