Você conhece uma banda, seja por recomendação de um amigo ou pelas playlists do Spotify, curte o som e se torna fã, eventualmente vai mandar um “Come To Brazil” em alguma rede social. Não tem como evitar essa sequência de ações!
E quando se defende gêneros nichados como pop-punk ou emocore, a tendência é intensificar os pedidos, afinal viabilizar turnês por aqui não é tarefa fácil. Mas como dizem por aí “brasileiro não desiste nunca” e a insistência dos fãs trouxe para o país shows de peso este ano. Apesar de terem sido poucas apresentações ao longo de 2018, o Not Dead! acompanhou alguns deles e selecionou os que nos deixaram pedindo bis:
Neck Deep - The Peace And The Panic Tour
São muitas as razões pelas quais a passagem do Neck Deep no Brasil vai ficar marcada na memória de todos que acompanharam a The Peace And The Panic Tour. Escolher um momento de destaque é missão quase impossível.
Nossa experiência em São Paulo teve uma carga extra de emoção e energia devido ao show do Dinamite Club. Na ocasião, o então guitarrista Leon Martinez encontrou uma brecha em seu tratamento contra câncer para se reunir com os amigos no palco do Fabrique. Por mais que tenha aparecido no show do Rio de Janeiro para algumas músicas, essa foi a única apresentação em que o músico participou do começo ao fim.
A presença de Leon emanou um desejo de aproveitar cada segundo daquele set que chegou à plateia. Durante as quinze músicas tocadas aconteceu de tudo, de lágrimas a stage dives. E foi com uma casa lotada e público já nas alturas que a banda principal da noite foi recebida.
Os primeiros acordes de “Happy Judgment Day” foram o bastante para incendiar o local. A animação dos fãs era tão grande que o vocalista Ben Barlow precisou pedir para que a galera se controlasse um pouco pois estava dificultando a performance da banda. Podemos dizer que foi o show mais insano do qual já fizemos parte.
A setlist escolhida foi para nenhum fã achar defeito, incluindo sucessos recentes como “In Bloom”, “Parachute” e “Don’t Wait” - na qual um fã subiu ao palco para entoar os versos originalmente cantados por Sam Carter -, aos clássicos "What Did You Expect?", “Serpents” e um bônus com “A Part Of Me”. O Neck Deep encerrou a noite com a promessa de retornar em breve e estamos todos ansiosos para esse dia.
Simple Plan - No Pads, No Helmets...Just Balls Tour
Esta é outra turnê com grandes expectativas. Os fãs esperaram por mais de um ano para que o Simple Plan trouxesse a festa de “No Pads, No Helmets...Just Balls” para cá. E como toda vinda dos canadenses é marcada por muita diversão e brincadeiras entre as músicas, dessa vez a entrega dos caras foi ainda maior não apenas pela nostalgia que a setlist causava mas também por significar que muito tempo deve passar até uma próxima visita.
Com um show muito bem ensaiado como de costume, os músicos arriscaram algumas piadas em português, levando os fãs à loucura apesar de ser algo recorrente nas apresentações. Em alguns momentos, o script foi deixado de lado.
Por exemplo, durante “Addicted” a plateia homenageou o baixista David Desrosiers, afastado deste 2016 devido uma severa depressão. Mais tarde, foi a vez do vocalista Pierre Bouvier perder a fala enquanto seu momento solo em “Perfect” se transformou um sing-along para ser lembrado. Mas, sem dúvidas, a apresentação de São Paulo foi inesquecível pelo pedido de casamento que rolou nos momentos finais do show.
Foi uma noite marcante tanto para fãs estreantes na plateia como para quem segue a banda há anos e um verdadeiro tributo à juventude.
Citizen - As You Please Tour
Uma surpresa para esta redação sem dúvidas! Chegamos ao show do Citizen sem saber de fato o que esperar, afinal era uma banda com a qual até então tínhamos pouco envolvimento. Mas o saldo final da As You Please Tour foi muito positivo.
A presença de palco do grupo somada ao talento dos músicos resultou em uma apresentação que tomou conta de cada centímetro do Fabrique Club. Era possível até sentir a música vibrando do chão ao teto.Da plateia, que durante boa parte do show cantou mais alto que o vocalista Mat Kerekes, ao meet and greet improvisado na pista da casa, era tangível a conexão entre artistas e fãs.
Less Than Jake - Sound The Alarm Tour
Fugindo um pouco do pop-punk e encarando o ska-punk, também conferimos em 2018 o show do Less Than Jake, um clássico que influencia bandas dos estilos no Brasil e no resto do mundo.
A banda não pisava no Brasil há muitos anos e aproveitou a oportunidade para divulgar seu último EP “Sound The Alarm”. Mas, mesmo assim, a turnê brasileira foi uma ótima oportunidade para uma nova geração de fãs conhecerem o Less Than Jake em ação e ouvirem clássicos executados ao vivo.
Nos deparamos com uma banda muito coesa, cheia de química entre todos os integrantes, em especial os vocalistas Chris DeMakes e Roger Lima, que têm uma dinâmica muito divertida juntos. Ousamos até a dizer que dá para comparar com Tom DeLonge e Mark Hoppus em tempos áureos. O saldo foi um show clássico, divertido e muito enérgico que foi um de nossos favoritos este ano.
Shade Champs
Tecnicamente não é uma turnê, mas o evento que reuniu os principais nomes do pop-punk nacional não podia ser deixado de fora desta lista. O Shade Champs foi festival organizado de última hora, de forma totalmente independente, deu aos fãs órfãos da Living Proof Tour uma substituição à altura.
A trindade que maior representa a cena por aqui: Dinamite Club, Never Too Late e Phone Trio deu as boas vindas aos estreantes na capital Zero To Hero e prestigiou o retorno aos palcos do Storia, além de finalizar a noite como uma superbanda. A trilha sonora dos shows de tributo contou com clássicos antigos e novos do estilo, apresentados no Pop-punk All Stars e também em um set acústico cheio de nostalgia comandado por Gustavo Kalili (Never Too Late) e Gab Scatolin (E U : M A Q U I N A).
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