Entre as bandas brasileiras de pop-punk, o Dinamite Club é veterano em vários sentidos: tem muitos anos de estrada, conta com vários trabalhos lançados e já abriu alguns shows de bandas do sub-gênero que adoramos! Quer exemplos? Os paulistanos foram o opening act do The Story So Far e do The Wonder Years, em 2016.
Dois anos depois, os caras se preparam para outra tour gringa em terras brasileiras: do Neck Deep. Os shows acontecem entre os dias 5 e 9 de abril, no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. A turnê está sendo organizada pela Tree Productions.
O Not Dead! bateu um papo com o baixista e vocalista do Dinamite Club, Bruno Peras, para saber o que podemos esperar das apresentações da banda ao longo da turnê, além de conversar um pouco sobre as novidades que eles preparam para este ano. Peras também deu um panorama do que pensa sobre a cena brasileira de pop-punk dos dias de hoje.
O papo ficou bem legal. Confere aí:
Not Dead: Peras, obrigada por reservar um tempo pra falar com a gente! Como surgiu a oportunidade de ser a banda de abertura da turnê brasileira do Neck Deep? Bruno Peras: Ficamos muito felizes com o convite da Tree, por eles terem lembrado da gente. Eles nos chamaram antes mesmo de fechar a turnê. Pra gente, coisas assim mostram que o nosso trabalho está sendo reconhecido. Nós já fizemos a abertura para outras bandas, como The Story So Far e The Wonder Years. Pro Dinamite esse tipo de show é ótimo porque conseguimos tocar pra galera do pop-punk, que é justamente o público que nós queremos atingir.
ND: Vocês disseram que curtem o trabalho do Neck Deep. Conseguem escolher uma música favorita? Peras: Fica difícil escolher uma só. Pessoalmente, gostei muito do último disco que eles lançaram, mas falar de uma só fica complicado. Eu gosto de uma, o Leon gosta de outra, o Eric de outra diferente, o Márcio também... Mas nós admiramos o Neck Deep pelo trabalho que eles têm feito. Acho que hoje podemos dizer que eles são a banda principal de pop-punk. O legal é que eles nem fazem parte do circuito dos Estados Unidos, são uma banda que surgiu bem fora disso tudo, no País de Gales, e acabou se transformando em uma referência do gênero.
ND: E como é tocar com essas bandas que vocês admiram no cenário? Conseguem absorver muita coisa? Peras: Com certeza. Nós abrimos a turnê do The Story So Far, que teve cinco datas, e o show que teve do The Wonder Years, em São Paulo, que foi uma data só. Essas são bandas que nós admiramos bastante. E, às vezes, fica aquela ideia de que lá fora as coisas são muito maiores e diferentes, mas não. É claro que a estrutura nem se compara, mas, por exemplo, o The Story So Far fez a tour com apenas um roadie. Na hora de montar o palco, eles estavam lá cuidando de tudo. Absorvemos bastante coisa observando isso. Sem falar de música. Com o The Wonder Years, tive a oportunidade de trocar uma ideia com o Soupy sobre composições e ele escreve letras que eu gosto muito!
ND: Pra essa tour do Neck Deep vocês já começaram a pensar em como será o show? Peras: Ainda não definimos nada, mas já temos ideia do que vai rolar. Nós queremos tocar bastante e passar por toda nossa história, desde as primeiras músicas até o último disco, que lançamos no ano passado. Como faz pouco tempo que lançamos esse álbum, também pretendemos tocar bastante coisa dele.
ND: Vocês disseram que podemos esperar novidades em relação ao disco para esse ano. Pode contar quais são elas? Peras: Nós vamos lançar mais clipes. No comecinho do ano, a gente lançou um para “Stop Making Stupid People Famous”, no formato Stories, do Instagram. Agora, já estamos editando um novo e já tem mais um clipe na sequência. Então, nessa primeira parte do ano, nós vamos entrar com força no YouTube, nossa meta é lançar mais uns dois clipes no primeiro semestre. Também temos mais algumas novidades envolvendo música, um EP... mas isso não é garantido, vamos deixar mais para frente. A gente ainda está no ciclo do último disco.
ND: Nos próximos clipes vocês também vão arriscar formatos diferentes? Peras: Ainda não. Um dos clipes vai ter imagens de shows da turnê até agora, também para divulgar. O pessoal que não conhece a banda, mas vê ao vivo, geralmente fala muito bem dos nossos shows, então vai ser mais para impulsionar a divulgação do nosso trabalho. O outro clipe tem uma mensagem mais positiva. A gente está acabando de editar então já está encaminhado.
ND: Você pode adiantar quais serão os próximos singles? Peras: Vamos deixar como surpresa. Os caras da banda brigam comigo porque sempre falo tudo, então eu vou segurar a onda e deixar o elemento surpresa.
ND: Os últimos meses têm sido cheios com os anúncios de shows Neck Deep, Citizen, sem falar de outros que ainda estão por vir. Você acha que estamos conseguindo consolidar o circuito pop-punk no Brasil? Peras: Eu vou falar de uma cena mais ampla. Por mais que a gente seja ligado ao pop-punk, também temos ligação com a cena na underground, do hardcore, e, querendo ou não, quem produz os shows e faz tudo é a mesma galera. Eu acho muito legal vir bandas de fora, acho realmente muito importante, porque a gente passa por um momento no underground que não tem a renovação do público. A gente tem bandas ótimas, mas é muito difícil encher um show só com bandas daqui. Os shows internacionais são bons porque são os que tiram as pessoas de casa, mas com o país em crise, se todo mês tem um show internacional que o cara quer ir, ele tem que pagar isso. Então é uma via de duas mãos, que do outro lado tem uma cena, e não adianta ficar apenas como banda de abertura de shows gringos.
ND: E como você vê a cena de bandas brasileiras? Peras: No Brasil, existe uma cena pop-punk bem organizada. É uma cena que não está começando, mas que está se fortalecendo de novo. Existe um público, as pessoas vão atrás do gênero e isso eu acho incrível, mas tem aquela coisa de que as pessoas muitas vezes não saem da internet. Sei que existem outros fatores, às vezes o cara não tem condições financeiras para ir em todos os shows ou mora em outra cidade onde essas coisas não acontecem. Eu que também já tive outras bandas, vejo que dentro do hardcore o público realmente não se renovou, mas vejo uma leve renovação dentro do pop-punk. Agora estamos começando a ter bandas mais estáveis, um exemplo é a Never Too Late, que está compondo coisa nova. Tem o Zero To Hero que acabou de lançar um EP. No Rio de Janeiro, tem Phone Trio que é uma banda já antiga do pop-punk brasileiro, mas que voltou à ativa agora. Sem falar do E U : M A Q U I N A, do meu parceiro Gab, que chegou pra somar, e o Hurry Up, de Americana. Por isso, eu acredito que a cena pop-punk está bem mais legal. Existe uma modernização da cena, mas a gente precisa dessa molecada para a renovação.
Recado dado! Se você ainda não conhece o Dinamite Club, aproveite a oportunidade de prestigiar o som dos caras na turnê com o Neck Deep.
Pra te ajudar a ficar com as músicas na ponta da língua, preparamos uma playlist em parceria com a We Are Fearless, pra você aquecer pra apresentação.