Teve pop-punk em 2018 e não foi pouco! Nós já demos o veredito para as apostas do ano e encaramos a difícil, para não dizer quase impossível, tarefa de escolher os hits, clipes, EPs e shows que marcaram os últimos meses. Mas a parte complicada mesmo a gente deixou para o final, pois chegou a hora de falarmos sobre os melhores discos!
Se “The Peace And The Panic”, do Neck Deep, foi a escolha óbvia para 2017, dessa vez nenhum dos mais de trinta lançamentos causou o mesmo impacto nos fãs ou teve tamanha recepção pela mídia, por isso escolher os discos que a redação do Not Dead! mais escutou e gostou exigiu bastante reflexão. Confira a nossa lista dos quinze melhores álbuns de 2018 e conte para gente se vocês concordam ou se faltou alguém!
“The Great Depression” - As It Is
Este é, sem dúvidas, um dos lançamentos mais polêmicos de 2018. “The Grand Depression” derruba quase tudo que conhecíamos sobre o As It Is e os coloca em uma nova fase, mais madura e atrevida. A banda não mediu palavras ao fazer uma análise social e abordar temas que vão desde o uso das redes sociais para vender uma falsa felicidade até conceitos impostos, como a prova da masculinidade acima do bem estar psicológico.
Remetendo a clássicos como “American Idiot” e “The Black Parade”, o álbum é dividido em atos que levam o ouvinte por uma estrada de quebra de paradigmas e reflexões. Mas também traz um pouco (bem pouco) da raiz da banda em “The Truth I’ll Never Tell”.
Como nas óperas-rock da década passada, a música é uma das partes da narrativa, composta também por uma estética dark e melancólica. E foi neste ponto em que o As It Is recebeu as maiores críticas, das dramatizações presentes em vídeos como "The Wounded World", “The Stigma (Boys Don’t Cry)” e “The Reaper” à mudança na postura de palco, onde a teatralidade se sobressaiu, deixando a música em segundo plano.
Ou seja, a banda pode ter acertado no conceito, mas talvez tenha perdido a mão na maneira em que se reapresentou ao público. E só nos resta agora é questionar se“The Great Depression” mostra uma crise de identidade da banda ou foi uma válvula de escape criativa para chamar atenção a um tema importante?
“Underworld” - Tonight Alive
Tonight Alive é uma das bandas que já podemos colocar na lista de clássicos do pop-punk. O problema é que antes de “Underworld”, o lançamento de 2018, a banda estava presa em sua zona de conforto ou testando algumas viagens, como em “Limitless”. No entanto, neste ano, os australianos conseguiram condensar bem suas reflexões sobre a vida em músicas contagiantes.
Mas pro Not Dead!, o mérito do álbum não está somente nessa experimentação que deu certo, como percebemos em “Temple”. O Tonight Alive também soube trazer bons feats para o disco, como Lynn Gunn, do PVRIS, para uma colaboração que exalta o girl power em “Disappear”, sem falar da grande surpresa: Corey Taylor, do Slipknot, soltando a voz em
“My Underworld” de um jeito que ninguém esperava. Além disso, a saída de Whakaio Taahi conseguiu ser superada na gravação.
Só foi frustrante ver que o bom disco do Tonight Alive não foi o suficiente para fazer a banda se destacar entre os vários lançamentos de 2018. Isso foi perceptível visto que a banda fez poucas tours neste ano e anunciou uma pausa na agenda para focar na saúde dos integrantes. Esperamos então que o break recarregue as energias e inspire o quarteto, para uma gravação tão satisfatória quanto “Underworld”.
“In Spite Of Me” - Like Pacific
Pop-punk genérico da melhor qualidade. Essa é a definição para “In Spite Of Me”, segundo disco do Like Pacific. Os canadenses seguiram a mesma fórmula do antecessor com melodias rápidas combinadas a letras que emanam emoção a cada estrofe, cantadas com veracidade.
Nadando contra a corrente que levou boa parte da cena a explorar novas rotas, o Like Pacific parece ter aceito as “regras” do gênero e trabalhado para se consolidar dentro desse contexto. Da faixa de abertura que dá nome ao álbum ao som final “Something Missing” há uma linearidade óbvia, executada com precisão. O destaque fica por conta da ótima “Self Defeated”, uma track pronta para as rádios, forte e catchy, daquelas que nos fazem cantar alto e esquecer do mundo. Mas também não dá pra ignorar “Had It Coming”, que quebra paradigmas ao trazer o vocalista Jordan Black falando abertamente sobre um relacionamento que deu errado com um cara, sem se esconder sob pronomes indefinidos.
“Skinny Dipping” - Stand Atlantic
A cada lançamento, o Stand Atlantic só prova que levanta com todos os méritos a bandeira que representa as meninas do lado de lá dos palcos da cena. No primeiro full-length, “Skinny Dipping”, a banda australiana se mostra versátil e incrivelmente boa em representar seus sentimentos em metáforas muito bem construídas. Também não dá pra ignorar suas melodias vibrantes e cativantes, que funcionariam muito bem no mainstream, que já abraçou ícones como Hayley Williams e Avril Lavigne.
O single “Lavender Bones” se destaca pelo refrão catchy e cheio de coros, além da forma poética com que a vocalista Bon Fraser fala das porradas da vida. “Burn In The Afterthought” mostra uma extensão vocal impressionante de Bon, capaz de transitar desde as notas mais doces às mais graves. Mas a favorita é “Toothpick”, uma música que fala sobre os incômodos de se apaixonar de um jeito BEM incômodo (e verdadeiro, vamos combinar).
“Everything Is Temporary” - Between You And Me
Com uma temática impactante, o Between You And Me decidiu trazer uma mensagem importante de se compreender em seu debut: tudo é temporário, inclusive as coisas boas. E assim, ao longo das dez faixas, a banda trata o assunto sob óticas diferentes - seja falando de relacionamentos amorosos, amizades e da própria vida, de um jeito mais amplo. No primeiro disco a banda também mostrou ser capaz de executar de uma forma bem consistente suas próprias composições, para assim criar a sua fanbase e se afastar do rótulo de banda que hitou no YouTube com alguns covers de pop-punk.
Nossos ouvidos ficaram viciados em jams como “Twice Shy”, que é uma explosão de energia e riffs bem feitos; “Good Intentions”, uma faixa com uma reviravolta nos versos que faz qualquer fã de pop-punk querer cantar a plenos pulmões; a nostálgica "Friends From '96"; além de “Floral Glass”, uma música sobre morte que contempla o ponto de vista de quem sente na pele e de quem também assiste o sofrimento da pessoa que ficou. Inclusive, é proibido não se emocionar com essa!
“Songs That Saved My Life” - Vários Artistas
Quantas vezes você escutou uma música que traduzia exatamente seus sentimentos ou pensamentos naquele momento? E dessas, quais você diria que te salvaram mesmo que por alguns minutos? Foi da certeza de que a música tem grande impacto na vida das pessoas que surgiu “Songs That Saved My Life”.
A coletânea produzida pela Hopeless Records, cuja renda foi revertida para organizações de atendimento e apoio a suicidas em potencial e pessoas com transtornos psicológicos, reuniu doze bandas em releituras de clássicos para promover uma campanha de conscientização acerca dos cuidados com a saúde mental.
Alguns dos artistas convidados contaram em vídeos promocionais os porquês da escolha das faixas em questão, como foi o caso do carro-chefe e melhor cover do álbum, “Torn”, regravada pelos galeses do Neck Deep. Outros destaques da compilação são as versões de “Crawling” do Linkin Park feito pelo Dream State, Such Great Heights”, do The Postal Service pelo As It Is e “Losing My Religion”, originalmente do R.E.M., regravada pelo Movements.
“Welcome To The Neighborhood” - Boston Manor
“Welcome To The Neighborhood” é um dos lançamentos mais difíceis de classificar. Um híbrido de grunge, rock alternativo colocado na medida certa à base pop-punk do Boston Manor.
Individualmente cada música tem um momento de brilho, seja pela letra ou melodia que enchem os ouvidos. Nossos destaques são para “England’s Dream” e “If I Can’t Have You No One Can”. Mas o que chama atenção de fato é conexão entre as canções e em como, apesar de diferentes, trazem a sensação de que estão amarradas umas às outras como cenas em um roteiro de cinema.
A semelhança com a sétima arte também está presente nas composições da capa e dos clipes de “Halo” e “Bad Machine”, por exemplo. Fica evidente que o Boston Manor quis entregar uma verdadeira experiência audiovisual e a missão foi cumprida com sucesso.
“Living Proof” - State Champs
Discos de número três muitas vezes marcam o momento de mudança na carreira. Sua produção e lançamento acontecem após as bandas terem alguns anos de estrada e estabelecerem o nome na cena. E para, o State Champs o nível das apostas era alto, já que “The Finer Things” e “Around The World And Back” tiveram boas recepções por parte dos fãs e da crítica.
Como o próprio título sugere, “Living Proof” é uma declaração dos músicos para si mesmos, principalmente. Um teste para os limites daquilo que os tornou conhecidos. Limites esses que foram testados e ampliados durante o processo de composição que contou com parcerias com Mark Hoppus e Alex Gaskarth e uma proeminente interferência do baixista Ryan Scott Graham. Ao descentralizar a tarefa das mãos do vocalista Derek DiScanio, as letras passaram a expressar com mais ênfase as dificuldades e emoções dos demais membros da banda e o resultado disso são músicas mais maduras, profundas e com significados mais amplos.
Melodicamente, a veia pop que havia marcado uma parte do disco anterior se fez mais presente. Este, aliás, é um dos motivos pelos quais muitos fãs não se impressionaram com o álbum. Em grande parte o novo som está mais próximo do trabalho mainstream do All Time Low do que o pop-punk clássico que marcou a estreia do quinteto. Apesar das ressalvas, é inegável a versatilidade apresentada ao longo das 13 faixas. Da abertura forte e rápida de “Criminal”, passando pela primeira track em mid-tempo “The Fix Up” até a balada “Our Time To Go”.
“VI”- You Me At Six
Tudo bem, o You Me At Six pode ter abandonado de vez as suas veias pop-punk, mas “VI” é um lançamento que não dá pra ignorar. Além de os caras terem levado a numerologia bem a sério, por ter sido o sexto disco da banda que leva o número seis no nome, os ingleses anteciparam bastante o lançamento das músicas. E por mais que elas tenham uma pegada mais indie, elas são sim muito boas.
O marketing digital foi usado de uma maneira genial pela banda, que abusou de bots no Facebook para interagir de maneira personalizada com os fãs. Além disso, via inbox, a banda dava dicas de músicas antes do lançamento e fez até pesquisas para entender quais faixas eram as queridinhas dos fãs para virarem singles.
Musicalmente falando “VI” não tem nada de pop-punk, mas tem melodias muito marcantes em que o protagonista muitas vezes é o groove do baixo. Os singles escolhidos também são capazes de fazer qualquer um entrar em uma pista de dança, como em “Back Again”. “Straight To My Head”, vai numa direção mais oposta, que nos lembra um pouco das raízes da banda. Mas não dá só pra elogiar… “Losing You”, faixa com autotune em excesso e com batidas mais tropicais, parece estar perdida em meio a tracklist.
“Waves” - Story Untold
Diretamente do Canadá, mas com muitos elementos californianos no som, o Story Untold ganhou os nossos ouvidos com o álbum de estreia, “Waves”. Por mais que a maioria das faixas conte com relacionamentos como temática principal (em especial, os términos), as músicas têm melodias vibrantes, que combinam com o verão.
E não estamos falando isso em vão. Uma das faixas, “California”, fala sobre as ondas, o clima e alegria, que só resume a vibe melódica do álbum. Vale ressaltar que a faixa foi escrita por integrantes do Simple Plan, o que só confirma a tendência pop do disco e os laços canadenses.
As músicas favoritas da redação do Not Dead! são “Matches In The Ocean”, que é uma verdadeira jam de pop-punk com direito a momentos em que a bateria brilha. O single “Delete” é cheio de simplicidade e funcionaria muito bem com um público mainstream. Também não podemos deixar de mencionar “Chasing Feelings”, que fecha o álbum de um jeito mais introspectivo, que pode ser um teaser do que a banda deve trazer em novos lançamentos.
“Blue In The Dark” - Bearings
Todo ano uma banda estreante chama a atenção por mostrar as caras com um full length de peso. Em 2018, damos esse título ao Bearings, por mais que outros debuts tenham passado por essa lista. Até então, a banda canadense só tinha no currículo os EPs “Nothing Here Is Permanent” e “Exist.Empire” que já indicavam coisas boas. Mas com o primeiro disco, “Blue In The Dark”, os integrantes mostraram ao que vieram.
Com o álbum, a banda trouxe músicas marcantes, com melodias alegres e refrões super catchy que, em determinados momentos, contrapõem com o peso das letras. Honestidade talvez seja a palavra que melhor defina as composições do disco. Mas o que chama nossa atenção é a não linearidade das músicas ao longo de sua duração, que fazem com que elas sejam surpreendentes.
Nossas escolhas no trabalho são “Aforementioned” e “Eyes Closed”, pelas melodias criativas e divertidas que nos deixam com vontade de cantar alto em um show. Além delas, a derradeira “Love And Decay” merece os créditos pela letra. No mais, os caras também capricharam na arte de capa e nas escolhas de single.
“Identity Crisis” - WSTR
Pop-punk clássico, feito da melhor forma. Com o lançamento de “Identity Crisis”, o WSTR conseguiu superar finalmente o rótulo de “banda que é muito parecida com Neck Deep”.
O mais engraçado é que os caras fizeram isso, mesmo trabalhando com o produtor Seb Barlow, que é irmão do Ben do Neck Deep. E como os britânicos conseguiram este feito?
Se desafiando, mas sem a menor pretensão de fugir do moldes do gênero.
Ou seja: o segundo disco do WSTR tem refrões marcantes, melodias bem consistentes e vibrantes do pop-punk mais clássico (ou genérico), mas com letras mais ousadas (às vezes até mais críticas como no single “Crisis”), linhas de vocais divertidas e letras que deixam à flor da pele as características da banda. Ao contrário do Neck Deep, o WSTR é mais autodepreciativo, irônico e divertido.
As músicas que nós ainda não paramos de ouvir são “Hide Everything Sharp”, que tem vocais muito inspirados em referências do pop e é catchy do começo ao fim; “The Latest”, que fala do saldo de um término de um jeito meio que exagerado e irônico; “Fling” que tem uma vibe de verão que, com certeza, faria sucesso em uma Warped Tour, e “Ashtray”, cheia de camadas, linhas cruas de baixo e reviravoltas que fazem a música ser surpreendente a cada segundo.
“Composure” - Real Friends
O Real Friends é uma das bandas que sabem como ninguém como transformar experiências negativas em músicas cheias de emoção e que geram identificação imediata. Foi assim com os EPs e com os dois primeiros álbuns da banda, e não foi diferente em “Composure”.
O álbum é fruto de problemas que o vocalista Dan Lambton enfrentou no passado em relação à sua saúde mental, que chegaram a afastar a banda dos palcos no início de 2018 para que o músico pudesse se cuidar, para enfrentar a divulgação das novas músicas. Como consequência, em “Composure”, Dan colaborou nas letras mais do que em qualquer outro disco do Real Friends. Vale destacar que este é um disco que causa impacto desde o primeiro play e se torna mais profundo e intenso a cada vez que é tocado. Mas além das letras autobiográficas muito fortes e sinceras, “Composure” se destaca por trazer na maioria das músicas melodias alegres que contrastam com o conteúdo dos versos.
Destacamos aqui “Me First”, uma ótima abertura de disco que é perfeitamente complementada pela próxima faixa “Stand Steady”; além do single “From The Outside” e a balada “Unconditional Love”, que é a única música da tracklist que traz a mesma vibe da letra para a melodia.
“Sunnyland” - Mayday Parade
O Mayday Parade, que já foi uma das grandes bandas do pop-punk internacional, andava em baixa nos últimos anos e lançou dois álbuns que não fizeram tanto barulho quanto os três primeiros discos. Mas o lançamento de “Sunnyland” veio para retomar o gás dos caras e provar que eles não perderam a mão de fazer boas músicas emocionantes e marcantes.
No álbum, você pode encontrar de tudo: desde baladinhas fofas (no maior estilo “Miserable At Best”), como “Piece Of Your Heart”; músicas rápidas e de refrões marcantes, como “It’s Hard To Be Religious…” e “Never Sure”; verdadeiros poemas musicados, como “Always Leaving”; e o verdadeiro hino do álbum, “Looks Red, Tastes Blue”, que resgata o que melhor há no Mayday Parade: letras impactantes com uma interpretação que casa perfeitamente com os arranjos.O álbum só não leva o nosso primeiro lugar, porque achamos que a banda poderia ter explorado melhor os duetos entre Derek Sanders e Jake Bundrick, que só aparecem em “Looks Red, Tastes Blue” de uma forma bem tímida.
“Proper Dose” - The Story So Far
O segundo semestre de 2018 prometia um dos lançamentos mais esperados dos últimos anos: “Proper Dose”, o quarto disco de estúdio do The Story So Far, que até então só havia divulgado uma única faixa da nova era, a merecidamente aclamada “Out Of It”. E depois de muito silêncio, mistério e expectativa, a banda começou a liberar aos poucos novos singles que eram exatamente o oposto do que boa parte da fanbase esperava.
Com as baladinhas “Upside Down”, “Let It Go” e “Take Me As You Please”, o The Story So Far não só mostrou ser uma banda versátil que está tentando se desprender dos clichês que a cercam, mas também se provou uma banda expert em marketing, que soube gerar um buzz gigantesco em torno do lançamento.
E além dos singles polêmicos, “Proper Dose” se mostra um grande disco por ser uma obra muito sincera que retrata alguns desafios pessoais do vocalista Parker Cannon, seja com drogas ou com a sua família. O veredito final? Destacamos aqui “Keep This Up”, “If I Fall” e “Growing On You”.
Aprovam nossa seleção? 2018 foi um puta ano para o pop-punk então pode vir 2019 que o Not Dead! está pronto para muito mais!