Com dois EPs na mala, o Oh, Weatherly - uma das apostas da Hopeless Records para 2018 - está se preparando para lançar o seu primeiro full length. Mas junto da animação em divulgar um trabalho mais maduro e pessoal, vêm também alguns desafios: se consolidar na cena americana, conseguir espalhar a música em novos territórios e se livrar da ideia de que a banda parece o Mayday Parade.
Se depender do vocalista, Blake Roses, “Lips Like Oxygen” tem todos os ingredientes para levar a banda para mais longe. Ele considera que este é o álbum com as músicas mais sinceras que já escreveu e se sente em completa sintonia com o Oh, Weatherly para se manter constantemente inspirado. E o resultado disso já apareceu: fãs apaixonados em lugares que ele nunca pensou atingir.
Nós batemos um papo com Blake para saber mais detalhes sobre o processo de criação de “Lips Like Oxygen” e para descobrir um pouco mais da história do Oh, Weatherly. O resultado você vê abaixo:
Not Dead!: Vamos começar pelo começo: como a banda se formou?
Blake: Na verdade, começou antes mesmo de eu saber tocar guitarra direito. Eu tive uma ideia de música que mais tarde se tornou uma faixa do nosso primeiro EP, que se chama “Long Nights”. Eu meio que programei a melodia dela num software de piano como se fossem as partes das guitarras e foi assim que percebi que eu queria fazer isso pro resto da minha vida!
E, antes do Oh, Weatherly, eu fazia parte de uma banda de metal, dos 16 aos 18 anos. Eu notei que era algo que não combinava comigo de jeito nenhum e que eu não queria tocar esse tipo de música. Então eu e um outro membro daquela banda decidimos ir para a Califórnia para tentar fazer um tipo de rock alternativo. É até por isso que a banda tem esse nome, porque Weatherly representa uma mudança de direção na música.
A gente era muito ligado em Pierce The Veil e Sleeping With Sirens, bandas desse gênero, então queríamos fazer algo nessa linha. Quando estávamos nessa, percebi que deveria insistir. Então escrevi uma música chamada “Forget What You Can’t Get”. Aí, assim que gravamos a música, percebi que ela era muito boa e o guitarrista daquela outra banda voou de volta pra Califórnia depois de ouvir aquele single pra gente escrever o nosso primeiro EP.
Not Dead!: E agora vocês estão tocando pop-punk, é uma nova direção e a banda está mais madura. Pode nos contar como o álbum começou a ganhar forma? Foi diferente do processo de criação das primeiras músicas do Oh, Weatherly?
Blake Roses: Sim, eu acho que muita coisa tem a ver com isso. Mas para ser honesto, não sei como ou porque foi tão diferente a experiência. Você só vai descobrindo que tipo de música quer escrever. E, pra mim, na maioria das vezes, compor acaba sendo um acidente. Às vezes, em algumas músicas, eu levo meses para concluir. Mas nesse álbum também tivemos uma equipe muito profissional ajudando a banda, o que foi essencial para maximizar o som do Oh, Weatherly. Acho que é o melhor que nós já gravamos. O Jake, do Mayday Parade, produziu o álbum e nós tivemos um engenheiro de som do John Feldmann no estúdio com a gente.
Not Dead!: Quais mudanças é possível enxergar em vocês, pessoalmente e musicalmente, nesse novo trabalho?
Blake: Eu sinto que finalmente encontrei o propósito de estar em uma banda. Descobri porque faço isso e porque quero continuar. Temos apoio para seguir em frente vindo de todos os lados e isso é uma constante nota mental para permanecer empolgado. Sempre ouço histórias de pessoas sobre como ajudamos em alguma situação, mesmo sem ter tentado isso. Tudo isso me inspira, me motiva a trazer cada vez mais sentimentos pessoais às músicas que compartilhamos. Me faz querer trazer experiências reais para ajudar pessoas em qualquer situação.
Not Dead!: Você deve se orgulhar bastante disso!
Blake: Com certeza, me orgulho muito!
Not Dead!: Como é o processo de criação das músicas, envolvendo a banda como um todo? Você é o compositor principal?
Blake: Sou sim. Normalmente começa comigo, gosto de procurar pela emoção da música. Tenho um estúdio pequeno em casa e começo com um violão, sentindo a emoção das cordas que estou tocando. Os versos vêm depois, eu não coloco antes de a estrutura estar completamente feita. Mas acho que meu jeito de escrever é bem esquisito… só que funciona comigo. Aí depois nos encontramos no estúdio, cada um deixa a sua colaboração. O Reece é novo na banda, mas é um ótimo músico. O Angel é ótimo em trazer novas ideias de guitarra. O Beau deu um salto de evolução no baixo nesse álbum novo. Todo mundo contribui!
Not Dead!: Vocês divulgaram algumas músicas do “Lips Like Oxygen” antes do lançamento. O que achou do feedback da galera?
Blake: Foi melhor do que qualquer lançamento que já fizemos. No nosso primeiro EP, todo mundo disse que nós éramos iguais ao Mayday Parade. Pessoalmente, é um pouco frustrante, porque não era isso que a gente estava tentando fazer. Acho que falam isso por causa da minha voz. No segundo EP, achávamos que estávamos fazendo algo um pouco mais diferente e que as pessoas não comentariam isso, mas ainda teve um pouco de comparação. Mas ainda acho que fizemos um ótimo trabalho neste EP. Agora, com essas músicas novas, tenho achado o feedback incrível e extremamente positivo.
Not Dead!: Essa comparação com o Mayday Parade é algo que incomoda muito?
Blake: Não tanto, porque eu adoro Mayday Parade. Mas acho que algumas pessoas falam isso por maldade, de dizer que é uma cópia da música deles.
Not Dead!: O interessante é que vocês acabaram trabalhando com o Jake Bundrick (baterista do Mayday Parade) em “Lips Like Oxygen”.
Blake: Ironicamente. (risos)
Not Dead!: Sério?
Blake: Sim! Mas foi incrível! Ele é um dos músicos mais inspiradores e humildes que já conheci na minha vida. Agora, se tornou um amigo meu e, claro, um mentor. Jake esclarece qualquer dúvida minha sobre os negócios da música, é extremamente inteligente, um ótimo compositor. Estou tentando não me apaixonar aqui… (risos)
Not Dead!: É difícil não se apaixonar mesmo… Como essa parceria acabou rolando?
Blake: Rolou por causa do A&R da Hopeless. Ele arranjou uma reunião com o Jake, mostrou nossa música para ele, que ficou bastante empolgado. E rolou muita química entre a gente! Depois de conversarmos por um tempo, nos sentimos muito confortáveis com ele. Isso é um fator muito importante pra mim. Não dá para escrever e mostrar algo para outra pessoa se eu não posso fazer isso de maneira espontânea. Acaba sendo estressante. Mas com o Jake era tudo sempre muito compreensível.
Not Dead!: Qual é sua música favorita do álbum?
Blake: Tem uma música que acho que é a mais “catchy” e que gosto muito de ouvir, ela se chama “Chasing California”. Tem também uma que é a mais pessoal que já fiz, que é “Where Have You Been?”. É uma faixa mais lenta e a minha mãe faz backing vocal nela, no segundo refrão. É bastante sentimental e fala muito da minha história, que ninguém sabe. É provavelmente minha favorita!
Not Dead!: Isso é bem legal. No passado, você já se abriu bastante ao escrever sobre a perda do seu pai em “Lost And Found”. Como você se sente ao se abrir dessa forma para o mundo?
Blake: Lá atrás, essa ideia de me abrir e de compartilhar informações verdadeiras com o público era algo que me deixava nervoso. Tinha medo de me sentir vulnerável. Agora, me faz me sentir bem! É ótimo tirar sentimentos pra fora do peito. Escrever é algo que me ajuda a lidar com meus pensamentos, é bem saudável pra mim. É como sentir algo que você nunca contou para outra pessoa e, de repente, se abrir com o seu melhor amigo e ouvir dele que tudo ficará bem.
Not Dead!: Mal podemos esperar pra ouvir essa faixa! Como tem sido trabalhar com a Hopeless Records?
Blake: Ótimo. Fomos ao escritório deles algumas vezes e toda vez que pisamos lá, fomos muito bem recebidos com muito abraço e amor. Tem tantas pessoas que trabalham duro lá dentro! Sou bem grato em fazer parte desse time!
Not Dead!: Mudando um pouco de assunto, não podemos deixar de falar sobre os fãs que vocês têm aqui no Brasil, que são fiéis e muito dedicados. Você já havia pensado em atingir um país tão distante com a banda?
Blake: Nunca poderia imaginar em atingir essa parte do mundo. É uma ideia louca. Todo dia abro meu Instagram e vejo um monte de mensagens de pessoas me desejando coisas boas. E até sei de quem você está falando no Brasil. É uma garota muito prestativa, que nos ajuda muito a espalhar nossa música pelo país. Tem até uma página da banda no Brasil e isso é bem legal! Já amamos o país!
Not Dead!: E vocês considerariam tocar um dia aqui ou ainda parece uma ideia meio louca?
Blake: Com certeza iríamos. A única coisa que impede uma tour internacional é o orçamento mesmo. Estamos trabalhando duro para levar nossa banda a lugares como o Brasil, as Filipinas e outros países que gostaríamos de conhecer. Chegaremos lá!
Not Dead!: Quais serão os próximos passos do Oh, Weatherly com o lançamento?
Blake: O próximo passo é fazer um show de lançamento do disco em Dallas, nossa cidade natal, será bem divertido. Em breve, divulgaremos as datas da tour também. Fora isso, estamos desenvolvendo a ideia de fazer um vlog da banda para atualizar de forma consistente. Um passo de cada vez.
Not Dead!: Falando em shows, vocês chegaram a tocar em uma data da última Warped Tour. Como foi?
Blake: Incrível. Fomos a primeira banda do dia e tocamos às 11 da manhã, em Houston, que fica a quatro horas da nossa cidade natal. Fomos surpreendidos por um público que já nos conhecia e que cantou nossas músicas. Faz tudo parecer real a cada dia! Somos sortudos e estamos agradecidos por ter feito parte da última Warped Tour. Eu pelo menos nunca tinha ido a uma antes e agora toquei.
Not Dead!: Como que a banda é na estrada?
Blake: Nossa vida na estrada é bem engraçada! Há uns dois anos, fizemos uma tour com uma van e um trailler atrás, que nos acompanhava. E aí eu coloquei um colchão king size na parte de trás da van, pra gente economizar com acomodação. Tem dessas e às vezes é bem difícil… na última tour, por exemplo, viajamos para o norte, o que foi um enorme erro, porque estávamos no inverno. E aí no primeiro dia, chegamos lá, dormimos na van e eu desliguei tudo. Todo mundo congelou, estavam cinco graus negativos do lado de fora. Mas mesmo assim nos divertimos muito em tours.
Not Dead! :Blake, obrigada pelo papo! Quer deixar uma mensagem final para os fãs?
Blake: Sim! Amo vocês! É tudo o que tenho!
Not Dead! É o suficiente! Agradecemos!
Blake: Eu agradeço pelo espaço! Tchau!
Então é hora de ouvir o que o Oh, Weatherly preparou nos últimos meses. O que você achou de "Lips Like Oxygen"?
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