Nas últimas semanas, a cena pop-punk local ganhou mais dois registros para o seu histórico. Por um lado, a Never Too Late mergulhou em seus demônios e lançou um álbum sobre os estágios da depressão, com os elementos clássicos do gênero em "Yellow Days". Do outro, em "breakwalls&buildbridges", o Zero To Hero se afastou um pouco da sonoridade e experimentou coisas novas, flertando com o midwest emo e o math rock, e tirando inspiração para as letras de todos os lugares.
Os dois discos representam um momento positivo para o cenário, com bandas preocupadas em entregar um material de qualidade ao público. Então, o próximo passo foi agendar um show para estrear as novidades ao vivo. A casa de tudo isso foi o Espaço Som, um estúdio no endereço oficial dos músicos paulistanos, a Teodoro Sampaio.
É claro que o Not Dead! esteve lá e conta o que rolou nos show:
Zero To Hero
A experimentação que ouvimos em “breakwalls&buildbridges”, o álbum de estreia da Zero To Hero, foi levada ao palco. Os interioranos priorizaram na setlist as músicas inéditas e fizeram o instrumental brilhar ao apostar em introduções e interlúdios.
A terceira apresentação da banda em São Paulo começou com uma introdução que trouxe ainda mais potência para o single “Emotional Flatlining”, que se destaca pela melodia complexa e experimental. Você pode conferir um trecho do início do show pelos destaques em nosso Instagram.
Outro single, “Self-Medication” ganhou uma versão que lembra bastante a gravação em estúdio, já que foi antecedida pelo interlúdio que a banda colocou no álbum. A única diferença é que no ao vivo a faixa ficou muito mais rápida!
Quem gosta das músicas mais antigas da banda, dessa vez não pode ouvir muita coisa. As faixas mais velhas que entraram no show foram “About The Sea, Clouds and Constellations” e “Reckless”, do EP “Bad Situations”. Outra que entrou na lista foi “The Future Freaks Me Out”.
No entanto, o que prejudicou a apresentação foi o volume da guitarra que estava bem alto. Às vezes, o problema atrapalhava até o entendimento das letras. Mesmo assim, outros momentos se destacaram. Reforçamos aqui a parte do set em que o Zero To Hero performou a faixa “Silves Winds”, que inicia com um acústico e evolui para uma explosão com banda.
Never Too Late
Enquanto o Zero To Hero optou por dar destaque quase que exclusivo às novas músicas, a Never Too Late apresentou suas faixas inéditas ao mesmo tempo em que fez um passeio por toda a sua discografia, que já soma dois álbuns de estúdio e dois EPs.
Para não deixar nada de fora, a banda passou pelo EP “Premiere” e pelo debut “No Return”, em blocos com músicas antigas. Sendo assim, músicas como “Lack Of A Hero”, “Walls” e “Double Trouble” não ficaram de fora.
Mas o interessante foi que a Never Too Late tocou quase todas as músicas do sophomore “Yellow Days”! Entre os nomes que não podem faltar, registramos aqui que os caras abriram o show com a faixa que dá nome ao álbum e abriram espaço para o single “Maze”.
Outras faixas que merecem destaque são “Blame”, “Egocentric”, “Take It Or Leave It”, que a banda tentou um coro com a plateia, e “Talking To Myself”, que foi finalizada só na guitarra e com o vocal, assim como no álbum.
Embora represente um momento difícil na carreira dos músicos e fale abertamente de saúde mental, o show teve alto astral. Foi repleto de piadas do começo ao fim e contou com clima de amizade entre a banda e a plateia em vários momentos.
Mas o melhor foi deixado para o final: a música “Disconnected”, que tem uma pegada mais introspectiva foi executada e ganhou uma carga muito mais emocional ao vivo, ao ser cantada pelo público.
Agora, a agenda fica vazia de shows de pop-punk por um tempo na capital. Mas depois de lançamentos tão impactantes para a cena nacional, a gente torce para que 2020 reserve mais eventos como esse para o público paulista.
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